Erdogan afasta partidários de Güllen da justiça e do banco central

O primeiro-ministro disse estar a combater "um estado paralelo".

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Recep Erdogan prepara-se para anunciar a candidatura à presidência AFP

Na sua luta conta os ex-aliados da confraria do imã Fethullah Gülen, o Governo turco substituiu mais de dois mil magistrados e fez mudanças substanciais na direcção do banco central.

Num comunicado publicado na quarta-feira à noite, o alto conselho de juízes e procuradores identifica numa lista os 2224 magistrados que vão ser afectados.

Trata-se da mais importante mudança ordenada pelo Governo de Recep Erdogan no sistema judiciário desde a revelação, em Dezembro do ano passado, de um escândalo de corrupção sem precedentes no regime islamista e conservador no poder desde 2002 e que afecta o primeiro-ministro. 

Erdogan acusa Fethullah Gülen, que foi um apoio importante para chegar ao poder, de estar na origem das acusações e de ter montado a história para o derrubar. 

No final do ano passado, o primeiro-ministro já tinha ordenado o afastamento na polícia (mais de seis mil funcionários foram afectados) e na justiça devido, disse, à infiltração dos gulenistes.

Num discurso na quarta-feira, Erdogan, que se prepara para anunciar a candidatura às presidenciais de 10 e 24 de Agosto, voltou a dizer que está a lutar contra “o estado paralelo”  formado pelos partidários de Gülen. “A partir de agora, eles não vão ter qualquer apoio da nossa parte”, disse.

Ao mesmo tempo que os magistrados foram substituídos, a assembleia geral do Banco Central turco substituiu cinco altos responsáveis, entre eles o governador Erdem Basci.

Estas mudanças surgem no auge do conflito entre Basci e Erdogan sobre a política monetária da instituição. O Banco realizou, no final de Janeiro, um grande aumento das suas taxas para conter a queda da lira, vítima das tensões políticas persistentes no país e das preocupações quanto ao crescimento económico. Erdogan opôs-se publicamente a esta medida e exigiu a baixa das taxas para evitar o impacte negativo no crescimento económico. Mas Basci recusou enquanto a inflacção, que ronda os 10% ao ano, se mantivesse elevada.

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