Entrajuda e Cáritas lançam Dar e Receber, um “Google das respostas sociais”

Site www.darereceber.pt "pretende mudar atitudes e incentivar a cultura da participação cívica".

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Um dos cartazes da campanha de sensibilização DR

Tem uma vizinha idosa, com problemas de mobilidade, que precisa de uma cadeira de rodas, e não tem capacidade financeira para adquirir uma. Ou o seu filho precisa de uma creche e o irmão de um computador para fazer os trabalhos da escola. Pode ainda ter tempo livre e estar disponível, para ajudar porque tem conhecimentos de informática ou dá explicações e não sabe onde pode dar apoio. É a este tipo de situações que o projecto Dar e Receber pretende dar resposta a partir desta quarta-feira, numa iniciativa conjunta e inédita da Entrajuda e Cáritas Portuguesa.

“Quem é que nunca teve vontade de dar uma hora do seu tempo a quem precisa e acabou por desistir por não saber como fazê-lo?”. A pergunta serve de ponto de partida para o conceito por detrás do projecto e as respostas estão disponíveis através do endereço www.darereceber.pt e de uma campanha de sensibilização lançados hoje. “É um projecto que pretende mudar atitudes e incentivar a cultura da participação cívica”, através do voluntariado e doação online de particulares ou empresas de bens, equipamentos com utilidade social e tempo, explica ao PÚBLICO Isabel Jonet, presidente da Entrajuda e do Banco Alimentar.

Quando em Portugal existem quase dois milhões de pessoas em risco de pobreza, na sua maioria famílias com filhos a cargo e desempregados, é necessária “uma resposta urgente mais alargada e mais eficaz” às necessidades dos mais vulneráveis, defende Jonet. “Uma resposta mais alargada porque não são já suficientes as soluções que as entidades da economia social, de forma isolada, conseguem oferecer com os recursos disponíveis”.

O site vai funcionar como uma espécie de motor de busca, um “Google das respostas sociais”, e junta os dados da Bolsa do Voluntariado e do Banco de Bens e Equipamentos. É possível pesquisar as instituições existentes no país, por distrito, concelho ou freguesia, que tenham uma resposta social para um caso de carência, filtrando a pesquisa, por exemplo, com palavras-chave como “população-alvo pretendida” ou “zona de residência”. Além das respostas sociais em rede, através do site podem encontrar-se contactos de particulares ou empresas que querem ser voluntárias e de organizações que necessitam de voluntários. Quem quiser receber tem ainda informações sobre quem têm bens para dar (roupa, móveis, electrodomésticos), e quem quer dar encontra as instituições que têm necessidades por categoria de produtos e zona. O objectivo, sublinha a presidente da Entrajuda, é pôr “em contacto quem quer dar e quem precisa de receber”.

No âmbito do projecto, vão ser ainda formadas localmente equipas para animação e acompanhamento das pessoas carenciadas e dadas acções de formação e de sensibilização para voluntários. Inicialmente esta parte da iniciativa vai funcionar em projecto-piloto em cinco dioceses - Braga, Évora, Setúbal, Vila Real e Viseu -, escolhidas em consenso com o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. Está previsto que o projecto seja alargado a outras zonas do país no próximo ano.

“É necessário mobilizar toda a sociedade para a intervenção. O contributo de cada um, seja em alimentos, tempo, bens ou serviços, é precioso e deve ser aproveitado”, afirma Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, instituição que ajudou, em 2013, mais de 139 mil pessoas, integradas em quase 53 mil agregados familiares.

O responsável estabelece a diferença entre este e outros projectos e diz que a sua “mais-valia reside no facto de reunir diversas soluções de carácter social que já estão em funcionamento mas que se pretende que sejam agora potenciadas”.

Isabel Jonet realça que esta é também “uma oportunidade para as instituições, organizações e grupos informais, que apoiam os mais necessitados, de  verem potenciado o trabalho que desenvolvem e de lhe dar mais visibilidade”.

Além da doação de alimentos para famílias carenciadas e para espaços de refeição - por dia, servem-se 49.200 refeições em cantinas sociais, segundo números da Segurança Social, mais 33% do que em 2012 -, o projecto “é mais abrangente”, diz Jonet. “Desde móveis, electrodomésticos, creches, apoio ao domicílio, apoio aos idosos em situações de vulnerabilidade, o darereceber.pt vai reunir respostas sociais a quem delas precisar”.

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