Semedo: “As crises sociais são potenciadoras do consumo de drogas”

Bloquistas encerram esta terça-feira em Faro dois dias de trabalho da bancada parlamentar com a saúde na agenda

Foto
João Semedo diz que a sobretaxa de 3,5% é uma "violência fiscal" Daniel Rocha

A crise económica e social potencia o aumento dos casos de toxicodependência e leva muitos a recaírem, sobretudo no consumo de heroína. O diagnóstico foi feito esta terça-feira pelo coordenador do BE, João Semedo, que no final de uma visita ao Centro de Desabituação de Drogas de Olhão criticou o Governo pelas reformas em curso nesta área da saúde pública.

“As crises sociais são potenciadoras do consumo de drogas”, disse João Semedo, que acrescentou que, apesar disso, “o Governo encetou um caminho de desarticulação com o Instituto das Drogas e da Toxicodependência e pretende levar essa desarticulação ainda mais longe integrando as unidades de internamento nos hospitais e unidades de resposta integrada nos centros de saúde”.

No caso da toxicodependência, Semedo, que também é medico, defendeu que só há uma regra: “prevenir, prevenir, prevenir”. “Porque é melhor prevenir do que tratar. Os erros que se cometem hoje vão pagar-se daqui a 10, 20 anos com as pessoas que vão morrer", justificou.

Segundo o líder do BE, apesar de uma diminuição do número de primeiras consultas, a crise está a aumentar o número de recaídas, sobretudo dos consumidores de heroína.

O BE vai apresentar, sobre esta matéria, um projecto de resolução que visa alargar a rede de troca de seringas, a criação de salas de consumo assistido e o reforço da prevenção.

Também a falta de enfermeiros esteve na mira das preocupações do partido que, nesse âmbito, propõe ao Governo a contratação de mais enfermeiros. Só no Algarve, avaliam os bloquistas, estão em falta cerca de 350 profissionais. “Há falta de enfermeiros nas unidades do SNS, no entanto há imensos enfermeiros no desemprego, com baixos salários ou sujeitos a uma forte precarização laboral”, justifica o BE na iniciativa legislativa que vai levar ao Parlamento.

 

Sugerir correcção
Comentar