Neste festival os músicos vão criar antes de tocar

West Way Lab começa esta terça-feira em Guimarães com residências artísticas onde se cruzam artistas nacionais e internacionais e apresentações ao vivo no centro da cidade.

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Os convidados vão instalar-se no Centro de Criação de Candoso Adriano Miranda

Este não é um festival onde os músicos chegam a um recinto, afinam os instrumentos, dão o concerto e voltam para casa. No West Way, que começa esta terça-feira, em Guimarães, 16 artistas nacionais e estrangeiros vão trabalhar juntos em residência, preparando um projecto inteiramente novo que só depois apresentarão ao público.

A iniciativa quer promover o contacto entre músicos, mas também a sua participação em redes internacionais e por isso o festival tem uma componente formativa com convidados internacionais como Peter Jenner, antigo manager de Pink Floyd.

Os primeiros músicos convidados começam a chegar esta terça-feira à cidade e vão instalar-se no Centro de Criação de Candoso, uma antiga escola primária que Guimarães transformou há dois anos num espaço dedicado a residências artísticas. Até agora tem sido usado exclusivamente para a criação de espectáculos de teatro e dança contemporânea, mas agora recebe também músicos. “Queremos posicionar Guimarães como uma cidade de criação também nesta área”, assume o programador da Oficina, a cooperativa municipal de Cultura, Rui Torrinha.

Os convites aos artistas tiveram em conta “a versatilidade que os músicos têm para colaborações”, conta. Durante períodos de uma a duas semanas, 16 artistas vão cruzar-se em oito projectos que agruparão sempre um artista nacional e um internacional. Entre os convidados estão Hermigervill (Islândia), Ghost Capsules (Áustria), Coldair (Polónia) e os portugueses Guillermo de Llera (Primitive Reason) e The Weatherman.

O West Way terá, porém, um lado mais festivo com quatro concertos, além das apresentações dos projectos originais, com peixe:avião (dia 12, Caixa Negra da Plataforma das Artes e Criatividade) e Clã (dia 19, Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor), seguidos do rapper esloveno N’toko e do músico e artista plástico angolano Nastio Mosquito (ambos no café-concerto do centro cultural vimaranense).

O festival apresenta-se com ambição internacional, querendo assumir-se como uma plataforma para levar os músicos portugueses para redes internacionais de música independente. Por isso, conta com a colaboração de alguns músicos do circuito ETEP (European Talent Exchange Program) – do qual fazem parte festivais como Eurosonic (Holanda), por exemplo – uma rede que o festival vimaranense deverá integrar a partir do próximo ano. Além disso, o West Way deverá passar a integrar uma rede de festivais europeus da qual também farão parte os festivais East, North e South Way, um circuito onde alguns dos projectos que nasçam neste contexto podem passar a figurar.

Formalmente o festival começa esta terça-feira, mas os resultados mais visíveis da iniciativa surgem apenas nos fins-de-semana de 10 a 12 e 17 a 19 de Abril. Será então que vão concentrar-se as apresentações ao vivo do resultado das colaborações entre os músicos às 22h00 na praça do Bairro de Couros, onde volta a ser montado um palco depois das duas edições de “Isto é uma praça” nos últimos dois anos.

Antes das apresentações (18h00) haverá conversas informais entre os músicos em espaços comerciais da cidade, que serão apenas uma parte do programa deste festival. Haverá uma vertente de conhecimento com oficinas, debates e conferências com alguns especialistas da música independente como o consultor Robert Singerman  (trabalhou em projectos como o Brasil Music Exchange e a Canadian Music Week) ou Peter Jenner, antigo manager de Pink Floyd ou The Clash, que vão fazer uma reflexão sobre a música na era do streaming.

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