Dois acusados de homicídio pelo incêndio do Caramulo

No incêndio do Verão passado morreram quatro bombeiros e arderam quase sete mil hectares

Foto
Nélson Garrido (arquivo)

Está deduzida a acusação contra dois supostos autores dos incêndios que em Agosto de 2013 devoraram a serra do Caramulo. O Ministério Público acusa-os de crimes de incêndio florestal, homicídio qualificado e ofensa à integridade física qualificada.

Foi um Verão trágico: mais de 120 mil hectares de área ardida, 73 detidos pela Polícia Judiciária, nove mortos — oito bombeiros e o presidente da junta de Queirã (Viseu), que esteve 25 dias internado depois de se ter juntado aos que combatiam os incêndios da serra do Caramulo e ter sofrido queimaduras em 60% do corpo.

O Caramulo foi o mais dramático cenário. Há muito que o país não via nada assim. O fogo consumiu perto de sete mil hectares. No combate às chamas morreram os bombeiros Ana Rita Pereira, de 24 anos, de Alcabideche, Bernardo Figueiredo, de 23, do Estoril, Cátia Pereira, de 21, e Bernardo Cardoso, de 18 anos, ambos de Carregueira do Sal.

Era grande a pressão para encontrar responsáveis. Os suspeitos ficaram em prisão preventiva e assim deverão continuar até ao julgamento. Por vontade do Ministério Público, conforme anunciou esta sexta-feira numa nota enviada a toda a comunicação social, o julgamento realizar-se-á com júri.

P.T., de 28 anos, natural de Vouzela, residia no Luxemburgo há muito. Entregou-se em Setembro, bem depois de F.M., de 20 anos, natural da Nogueira, o ter mencionado como a pessoa que com ele colaborara no incêndio que devorou pinheiros e eucaliptos nos concelhos de Vouzela e Tondela.

F.M. fora detido ainda em Agosto pelo Departamento de Investigação Criminal de Aveiro e pela Directoria do Centro da Polícia Judiciária, com a colaboração do Núcleo de Protecção Ambiental da Guarda Nacional Republicana de Viseu de Santa Comba Dão. Na ocasião, esteve no local com os inspectores e fez uma reconstituição da noite de 20 de Agosto de 2013 e da madrugada do dia 21.

Segundo então adiantou a Polícia Judiciária, o jovem terá explicado que, de moto, com um isqueiro, ateou sete focos de incêndio. Terá ainda dito que o outro se quisera vingar do facto da GNR o ter multado por conduzir sem carta de condução válida.

Sugerir correcção
Comentar