PSP apanha burlões que vendiam por milhares de euros dinheiro falso tingido

Dois estrangeiros imprimiam faces de notas de euro entremeadas com tiras de papel branco formando pacotes de dinheiro aparente. Tingiam o pacote que vendiam juntamente com um líquido "milagroso" para o lavar.

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Judiciária do Porto apreendeu 1900 notas falsas de 200 euros DR

Foram apanhados enquanto aparentemente secavam dinheiro com um comum secador de cabelo. Os vizinhos acharam a atitude estranha e ligaram à polícia que os deteve em flagrante quinta-feira no centro de Vila do Conde. Foi assim que a Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto desmantelou o plano de dois burlões que se dedicavam a um esquema conhecido por “notas negras”.

O esquema, que até há bem pouco tempo era mais referenciado por envolver dólares, consiste em imprimir numa normal impressora a face de notas de euro e entremea-las com dezenas de tiras de papel em branco de tamanho igual. Em conjunto, o pacote de papel, envolto em plástico transparente, fica semelhante aos pacotes de notas seladas nos bancos.

“Eles depois tingiam o papel com face de nota para venderem os pacotes a pessoas abastadas. Diziam que tinham arranjado aquele volume de dinheiro avultado numa herança ou desviado de outro país. Diziam que era dinheiro sujo que eles não podiam usar, mas aquela pessoa podia. Bastava lavá-lo literalmente”, disse ao PÚBLICO, o comissário Fernando Silva.

Os dois homens de 36 e 28 anos são provenientes da Costa do Marfim e da Guiné. Apenas um foi detido por permanência ilegal em território português. O outro foi constituído arguido e a investigação continua no sentido de se descobrirem quem foram as pessoas vítimas deste esquema. “Até agora não foi identificada nenhuma. As pessoas têm receio de assumirem que forem vítimas de um esquema tão ingénuo”, explicou o comissário.

Aos suspeitos foram apreendidos 550 euros, um cofre, 16 maços de papel de “notas negras”, uma lanterna de luz ultravioleta e várias embalagens com líquidos utilizados na consumação da burla.

Segundo o responsável, o plano funciona “regra geral” junto de “pessoas com alguma ingenuidade que acreditam que aquilo é dinheiro apenas sujo que pode ser lavado”. Normalmente, disse ainda, “aproveitam-se de empresários abastados com pouca escolaridade a quem sugerem o esquema como sendo um grande negócio”, acrescentou.

Pelo meio, os burlões polvilhavam ainda o plano com um tom de crença. Diziam que o dinheiro, apesar de sujo, poderia ser limpo com um “liquido milagroso” contido numa garrafa branca selada que também vendiam.

E assim conseguiam por vezes, em esquemas destes, cem mil euros por alguns pacotes de alegado dinheiro que na verdade eram apenas tiras de papel branco no meio. Quando o esquema era descoberto, já os burlões tinham escapado com os milhares de euros reais pelos quais fizeram o negócio.

“É importante perceber que isto nem chega a ser falsificação. É uma burla que se aproveita da ingenuidade das pessoas”, apontou ainda o responsável da PSP do Porto.
 

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