PJ apanha grupo visado pela SIBS por burla de um milhão com cartões de crédito

Rede inseria dados de bancos estrangeiros nas bandas magnéticas dos cartões.

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Detidos são suspeitos pelo roubo de dados relativos a cartões de crédito Joel Sage/AFP

A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou um grupo que nos últimos sete meses conseguiu fazer 200 mil euros em compras com cartões de crédito falsos. A Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), que realizou a investigação, suspeita que a rede terá, porém, tentado sem sucesso efectuar aquisições de serviços e de bens num valor superior a um milhão de euros.

Na operação “Presente Americano”, levada a cabo quinta-feira por cerca de 50 inspectores na Grande Lisboa, a PJ deteve quatro homens e uma mulher entre os 20 e os 36 anos. Quatro detidos são portugueses e um é estrangeiro. A PJ recusa, para já, revelar as nacionalidades. Não tinham profissão conhecida, estando agora desempregados. Apenas um estava referenciado como estudante.

“Produziam cartões de crédito contrafeitos com os quais compravam de tudo um pouco. Na banda magnética do cartão constavam dados que não correspondiam aos dados identificativos na face do cartão. A transacção era, por isso, feita com base nos dados da banda”, explicou ao PÚBLICO o inspector Álvaro Tomé da UNCC.

De acordo com o responsável, os detidos tinham leitores e gravadores de bandas magnéticas e programas informáticos com os quais realizavam a falsificação dos cartões. Estão indiciados por “contrafacção de títulos equiparados a moeda, passagem de moeda falsa de concerto com o falsificador, falsificação de documentos e de burla informática”, diz a PJ em comunicado.

Dados de clientes de bancos estrangeiros
Em causa estão dados de clientes de instituições financeiras estrangeiras que eram usados nas bandas magnéticas Esses bancos estrangeiros, que surgem na investigação da PJ como vítimas de todo o esquema, não apresentaram, porém, até agora, queixa. A maioria dos cartões em questão são de crédito, mas a PJ também apreendeu cartões de débito contrafeitos.

A rede, hierarquicamente organizada com chefias, começou por ser visada pela Pay Watch - Serviços Integrados de Segurança em Pagamentos, uma entidade da SIBS e da UNICRE. A empresa actua na detecção da fraude por monitorização de cartões em terminais de redes multibanco e os movimentos dos cartões contrafeitos chamaram à sua atenção.

Os dados recolhidos pela Pay Watch, que trabalha para as redes Visa, Mastercard e American Express, apontaram para fraude e foram por isso enviados, entretanto, para a PJ. A polícia deteve logo em Julho de 2013 dois homens, um deles com grande preponderância na chefia do restante grupo agora desmantelado. Esses dois detidos estão já em prisão preventiva. Nenhum deles tinha cadastro.

Nas buscas dez buscas domiciliárias levadas a cabo, a PJ apreendeu os gravadores de bandas magnéticas, equipamento informático, telemóveis, computadores, roupas, sapatilhas e televisões entre outro material. Foram ainda confiscados 10 cartões de crédito falsos, mas a PJ acredita que tenham sido usados mais.

A investigação continua, por isso, no sentido de identificar mais elementos do grupo e eventuais cúmplices que tenham fornecido à rede os elementos apostos nas bandas dos cartões.

Cartões também serviram para compras no supermercado
Com os cartões, o grupo comprou de tudo. Fez até compras no supermercado. Algumas buscas decorreram nos automóveis dos arguidos, mas nenhum deles foi apreendido.
 

Aquela polícia destaca este grupo como sendo “um dos mais importantes grupos em actividade na área da contrafacção de cartões bancários e dedicado à prática de burlas na aquisição de bens e de serviços”.

Os detidos foram presentes esta sexta-feira presentes a tribunal.
 

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