Produtos lácteos para bebés escasseiam nas prateleiras do Banco Alimentar do Algarve
Instituição estima que cerca de mil crianças até aos três anos têm carências alimentares naquela região.
O Banco Alimentar contra a Fome apoia 16 mil pessoas no Algarve. Destas, muitas são crianças, para as quais são necessários produtos lácteos como leite em pó, papas e farinhas. Mas estes são os alimentos mais difíceis de angariar nas campanhas promovidas pela instituição – representam apenas 1% do total de produtos recolhidos anualmente.
"Há famílias com crianças e sem capacidade financeira para comprar esse tipo de produtos", afirmou o presidente da delegação do Banco Alimentar no Algarve, Nuno Alves. Em entrevista à Lusa, o responsável sublinhou que a situação é preocupante em concelhos como Faro, Olhão, Loulé e Portimão, estimando que cerca de mil crianças até aos três anos têm carências alimentares.
Os produtos lácteos são, por norma, caros e raramente são doados à instituição. Nuno Alves acredita que as pessoas que doam alimentos preferem dar mais quantidade, por "ficarem com a sensação de que estão a ajudar mais pessoas", do que poucos alimentos e mais caros, como é o caso dos produtos lácteos.
"Nós temos procurado alternativas para conseguir garantir, pelo menos, às instituições que nos pedem, porque se é caro para quem dá, também é caro para quem compra", explicou Nuno Alves. Por exemplo, a campanha “Separar para alimentar” prevê que por cada tonelada de embalagens entregues nos ecocentros da Algar ou nos contentores identificados com o selo do Banco Alimentar sejam adquiridos bens alimentares para crianças.
Pedidos de ajuda semanais
A instituição estima que existam entre 22 a 25 mil pessoas com necessidades de apoio alimentar no Algarve. Actualmente, o Banco Alimentar mata a fome de 16 mil pessoas, mas em 2013 eram 22 mil – através de um programa comunitário de apoio a carenciados, que entretanto terminou.
"Agora tem estado calmo, porque nós não trabalhamos com as famílias directamente, mas houve uma altura do ano em que chegámos a ter aqui à porta pedidos de ajuda semanais", contou aquele responsável, sublinhando que os pedidos dispararam no último semestre de 2013.
Além dos produtos lácteos para bebés, os produtos secos – como a farinha, o arroz ou o azeite – são aqueles que o Banco Alimentar tem maior dificuldade em garantir, porque as quantidades que ali chegam, sobretudo através das duas campanhas anuais, não são suficientes.