Portas admite "circunstâncias" que podem "legitimar" aliança com PSD nas legislativas

Vice-primeiro ministro diz que ainda não chegou o momento para dizer como Portugal sairá do programa de assistência

Foto
Portas foi a Madrid falar da reforma do Estado Nuno Ferreira Santos

O vice-primeiro-ministro e presidente do CDS-PP admitiu que, "havendo coligação, há circunstâncias que podem legitimar uma aliança" com o PSD nas eleições legislativas, ressalvando que o momento de tomar essa decisão "ainda não chegou".

"O normal é os partidos irem cada um por si. Havendo coligação, há circunstâncias que podem legitimar uma aliança, mas o momento de decidir isso ainda não chegou, não vale a pena queimar etapas", afirmou Paulo Portas em entrevista à Rádio Renascença.

O líder centrista, que se recandidata à liderança do CDS-PP no XXV congresso do partido, que decorre sábado e domingo em Oliveira do Bairro, reiterou a defesa de uma coligação com o PSD para as eleições europeias e afirmou que "em princípio" as legislaturas são para levar até ao fim.

Paulo Portas argumentou que o conselho nacional do CDS-PP é soberano para decidir como os centristas concorrerão às eleições legislativas, podendo convocar um referendo interno ou um congresso para o efeito, considerando, contudo, que discutir essas eleições no congresso que começa sábado seria "um exercício de especulação politica".

Sobre as eleições europeias, o vice-primeiro-ministro e presidente do CDS-PP chamou a atenção para o facto de esse ato eleitoral decorrer (dia 25 de maio) uma semana depois do anunciado final do programa de assistência económica e financeira (17 de maio).

"É a primeira vez que as pessoas vão votar findo o protectorado e com a convicção de que aqueles que defenderam apenas um resgate e que nós cumpríssemos e fechássemos o programa e passássemos a uma etapa de normalidade com regras saudáveis e com crescimento económico tiveram razão", sustentou.

Portas reconheceu que, nas eleições europeias, "a inclinação natural dos partidos, o gosto natural dos militantes" e o "sentimento generalizado dos delegados ao congresso, seja do CDS-PP seja do PSD, cada um pelas suas razoes, é que cada um vá com a sua bandeira, que cada um vá com a sua camisola".

"Estamos a quatro meses do fim do programa, temos que tratar desta última etapa, ainda temos dificuldades para vencer e os dois partidos que estão no Governo iam começar, legitimamente, a disputar os votos, ainda por cima, votos que às vezes são próximos e teriam que ter alguma tensão? Isso era mais importante do que fechar o programa? Eu acho que não", defendeu.

Paulo Portas elogiou os dois deputados europeus do CDS-PP, Nuno Melo e Diogo Feio, e quis deixar "uma palavra" a Nuno Melo, que, disse, seria sempre o cabeça-de-lista do partido caso os centristas concorressem sozinhos. O presidente centrista disse que Melo é "um magnífico eurodeputado" e um "magnífico político, com provas dadas no voto directo" e não apenas "num estúdio ou num jornal".

Na entrevista à emissora católica, o  vice-primeiro-ministro disse que ainda não chegou o momento para dizer como Portugal sairá do programa de assistência. "O momento de dizer como é que Portugal sai do programa ainda não chegou. Ainda temos duas avaliações, ainda faltam quatro meses e pouco, os irlandeses só o disseram a um mês do fim", afirmou Paulo Portas. O líder do CDS-PP remeteu para o congresso uma explicação sobre a crise política de Junho, em que chegou a apresentar a demissão do Governo, tendo depois assumido o cargo de vice-primeiro-ministro.

"Sobre essa matéria, direi alguma coisa no congresso do CDS", afirmou, dizendo que é na reunião magna dos centristas que está o seu "povo" e a sua "gente".

Sobre um eventual programa cautelar após o fim do programa de assistência económica e financeira, anunciado para Maio, Portas nunca admitiu a existência desse programa, que foi referido pelo Presidente da República, Cavaco Silva, na sua mensagem de ano novo.

"Respeito muitíssimo as opiniões do senhor Presidente da República. Oiço e reflicto", limitou-se a afirmar.

Sugerir correcção
Comentar