PSP impede pais de abrir salas de aula novas que nunca foram usadas

Pais de Vila Real de Santo António e pessoal da câmara local, dirigida pelo PSD, queriam pôr ao serviço da escola as salas que a Parque Escolar construiu, mas que mantém fechadas há meses.

A Associação de Pais da escola secundária de Vila Real de Santo António tentou nesta sexta-feira pôr em funcionamento as 21 salas de aula que foram construídas pela empresa Parque Escolar mas que ainda não estão a ser usadas, mas foi impedida de o fazer pela polícia.

Os pais estavam a transferir o mobiliário para os novos espaços quando a iniciativa foi travada devido à intervenção da PSP, disse à Lusa um dirigente da associação. Ernesto Ramos explicou que um grupo de encarregados de educação, em colaboração com a câmara municipal, estava a levar o mobiliário dos contentores onde há três anos são dadas as aulas, para o colocar nas novas salas, quando a polícia chegou.

"Esse trabalho ficou pela metade", acrescentou, porque "a PSP foi chamada pela Parque Escolar" e "pediu para parar", indicação que foi acatada.

"A nossa ideia era os alunos na segunda-feira ocuparem já as salas novas, que estão concluídas e que a escola, os pais e a câmara têm pedido para serem entregues", afirmou. Em causa está a disponibilização das 21 salas que integram a segunda e última fase da obra de requalificação do estabelecimento e que estão prontas há vários meses.

Ernesto Ramos disse que agora estão "metade das salas com mobiliário e metade dos contentores vazios", pelo que antevê um regresso às aulas "caótico" na segunda-feira, com "os alunos a não saberem para onde vão". Por isso, a associação de pais convocou os encarregados de educação para estarem na escola na segunda-feira, às 8h, para "tomarem as medidas que forem necessárias, incluindo impedir as crianças de irem às aulas".

A Câmara de Vila Real de Santo António divulgou, entretanto, um comunicado a informar que foi impedida a tentativa de ocupação das salas, realizada para "desbloquear o impasse entre a administração da empresa pública Parque Escolar – responsável pela empreitada de requalificação – e o Ministério da Educação" e permitir a utilização das salas, "apenas dependente de uma simples decisão administrativa".

A câmara lamentou que os pais e funcionários da escola e da autarquia tenham sido "impedidos pela Parque Escolar de concluir a mudança do mobiliário. O presidente da câmara, o social-democrata Luís Gomes, citado no comunicado, qualificou como "prepotência" a atitude da Parque Escolar e como um "acto de cidadania" a iniciativa dos pais.

A autarquia anunciou que, na segunda-feira, vai redigir e fazer circular junto dos pais "um abaixo-assinado a enviar à tutela", a quem apela para "não colaborar com o acto de prepotência da Parque Escolar". A Lusa tem tentado obter esclarecimentos da Parque Escolar, mas sem sucesso.
 
 

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