De Malala ao "soft power" da China

Balanço de 2013 na Ásia.

A boa notícia Malala foi premiada. E agora


Malala foi atacada pelos talibã em 2012 porque defendia o direito das mulheres à educação. Este ano, recebeu prémios — o Sakharov, do Parlamento Europeu, foi o mais mediático — , discursou nas Nações Unidas, foi recebida na Casa Branca. Continuou a dar entrevistas, mas o tom das perguntas mudou, já são menos sobre as mulheres no Paquistão e mais sobre o que vai fazer da vida. Malala, que vive na Inglaterra, quer ser médica. “Estou decidida a voltar ao Paquistão. Quero levar mudança a todo o meu país (...) sei que se quiser ajudar o país inteiro tenho que estar na política”, disse ao Financial Times. Os jornalistas ouvem-na e sorriem — Malala não é, no Paquistão, a heroína de que o Ocidente gosta. A rapariga, de 16 anos, responde-lhes com ingenuidade e convicção quando lhe desejam “boa sorte”: “Obrigada”.

A má notícia O tufão em que ninguém acreditou


Tufões não são novidade nas ilhas filipinas de Samar e Leyte. Mas o 13.º da época de tufões no sudeste asiático foi diferente. As autoridades da metereologia tinham advertido. O Haiyan (Yolanda para os filipinos), que se formara no mar na Micronésia, iria sair do curso normal, iria ser mais violento e iria provocar muita destruição. Em Manila, a capital das Filipinas, não se deu importância às advertências. Não foi accionado um plano de retirada de populações, nem foi declarada uma emergência nacional. As ilhas prepararam-se como sempre — a população começou a reforçar portas e janelas, mas nem sequer teve tempo para isso porque o Yolanda chegou 24 horas antes do previsto. Nas Filipinas, o tufão matou 6069 pessoas e afectou 11 mil pessoas, muitas delas ficaram desalojadas. Samar e Leyte desapareceram.
 
A figura Xi Jinping


Em Novembro, o Comité Central do Partido Comunista Chinês reuniu em plenário e aprovou 60 medidas. A mais popular delas, para os chineses, foi a alteração da lei do filho único, que alargou o número de casais autorizados a ter uma segunda criança. A proibição era uma das leis mais dolorosas para os chineses, mas tratando-se de uma reforma social, teve um objectivo em primeiro lugar económico — a população chinesa está muito envelhecida e a liderança precisa, com carácter de urgência, de aumentar a população activa.
 A renovação geracional é vital para o desígnio chinês — a partir de 2014, a China está na última etapa da rampa de lançamento que a tornará na maior economia do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. Esta mudança acontecerá, mesmo que o “dim sum e o chá não vão substituir a Coca-cola e o Big Mac” de um dia para o outro, como escreve a revista Economist. “Mas o soft power chinês será sentido no Ocidente e na vida de todos nós”.
 Xi Jinping, que é o mais poderoso Presidente chinês em décadas — foi ele próprio quem disse que as suas reformas só teriam paralelo nas de Deng Xiaoping —, sonha com uma China moderna e sofisticada na arena global. O objectivo já não é produzir, produzir, produzir e inundar os mercados de tudo, é ter uma sociedade de consumo interna sólida e estar de outra forma no mercado global.
 O Presidente chinês tem um mandato de dez anos para cumprir o seu programa de posicionar a China no mundo e revolucionar a China lá dentro. A reforma rural será a mais difícil, mas uma das mais essenciais — perto de metade dos 1,4 mil milhões de chineses ainda vivem no campo e desejam ter o mesmo direito ao consumo que a população urbana, a começar pela posse das suas casas e das suas terras.
 


A seguir em em 2014
Destaques de agenda na Ásia
 
O ano do Cavalo No dia 30 de Janeiro a China entra no Ano Novo. Será o ano do Cavalo e se assumir as características do signo, seguem-se 12 meses simpáticos e cheios de energia, mas também muito impacientes.
 
Eleições no Afeganistão  Estão previstas para Abril e o actual Presidente, Hamid Karzai, não pode concorrer. Alinham-se 11 candidatos, no ano em que as tropas de combate internacionais deixam o país, após 13 anos de guerra.Karzai tarda em assinar o acordo com os EUA para manter alguns milhares de soldados estrangeiros no país, para treinar o exército e a polícia e fornecer material para continuar a lutar contra a Al-Qaeda e grupos relacionados junto à fronteira paquitanesa.
 
Alta tensão na Tailândia Em Fevereiro realizam-se eleições na Tailândia. A primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, marcou-as para 2 de Fevereiro devido à contestação nas ruas — exige-se a sua demissão. A oposição não aceitou a marcação e abandonou o Parlamento. Pode haver um boicote a uma eleição que, já se sabe, será novamente ganho pelo partido populista de Shinawatra.
 
Eleições na Índia A data certa ainda não foi marcada, mas o mês deverá ser Maio. As eleições gerais da Índia envolvem 800 milhões de eleitores. Um dado que parece ser já certo: a derrota do Partido do Congresso (dos Gandhi). O Bharatiya Janata sobe nas sondagens e o seu líder, Narenda Modi, está a tornar-se o político mais popular do país. O sonho de Sónia Gandhi, de ver o filho Rahul como primeiro-ministro em 2014, não deverá realizar-se.
 
 
 
 
 

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