Oposição diz que reunião com Presidente da Ucrânia foi um “simulacro”

Oposição alerta para perigos do uso da força contra manifestantes. Presidente pede calma.

Representantes da oposição ucraniana encontraram-se nesta sexta-feira com o Presidente, Viktor Ianukovich, mas denunciaram um “simulacro” feito antes de novas manifestações.

“O poder não teve em conta nenhuma das nossas exigências. Esta mesa-redonda não passou de um simulacro”, declarou o dirigente do partido Udar (e campeão do mundo de boxe) Vitali Klitschko.

Klitschko e outros dois dirigentes da oposição da Ucrânia, Arseni Iatseniouk (do partido da antiga primeira-ministra Iulia Timochenko) e Oleg Tiagnibok (nacionalista) hesitaram, mas acabaram por aceder a uma participação numa mesa-redonda, onde poderiam expor as suas exigências e ouvir a resposta do Governo.

Da reunião saiu apenas, no entanto, uma promessa de amnistia para os manifestantes detidos nos protestos, já feita pelo Presidente, Ianukovich. Este terminou a mesa-redonda com um apelo: “Peço a todos os ucranianos para se acalmarem e pararem com o confronto.”

Mas a oposição quer tudo menos voltar para casa. Animada com uma vitória na quarta-feira, em que os polícias antimotim que carregaram sobre os manifestantes acabaram por se retirar, e com o apoio claro da UE e dos EUA, marcou novos protestos para domingo em Kiev.

A oposição começou a protestar por causa da suspensão da assinatura de um acordo de associação com a União Europeia, no que foi visto a um virar de costas à Europa a favor de uma reaproximação à Rússia, e pede também a demissão do Governo. Os protestos duram desde o final de Novembro, com episódios de violência policial.

Na mesa-redonda, este foi um dos tópicos abordados, com Klitschko a avisar o Presidente contra toda a repressão policial.  “Dirijo-me a si, Viktor Ianukovich. Você tem a responsabilidade pessoal sobre o que se passa neste país”, disse o opositor e candidato declarado à presidência. “Sabemos que existem planos para resolver a situação pela força”, continuou o pugilista. “Isso teria consequências catastróficas para o país, e para si pessoalmente”, avisou.

O oligarca mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, também se manifestou na sexta-feira contra a violência, denunciando um recurso “inaceitável” à força contra os manifestantes na quarta-feira.
 
 

Sugerir correcção
Comentar