Ex-presidente da Geórgia foi apoiar manifestantes ucranianos

Para domingo está convocada uma "manifestação de um milhão de pessoas".

O ex-presidente Saakashvili foi muito bem acolhido
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O ex-presidente Saakashvili foi muito bem acolhido Vasily Fedosenko/REUTERS
O piano é uma arma contra os polícias que cercam o Ministério do Interior
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O piano é uma arma contra os polícias que cercam o Ministério do Interior REUTERS

O ex-Presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili recebeu uma sonora ovação quando discursou este sábado na Praça da Independência de Kiev aos manifestantes que exigem a demissão do Governo ucraniano e a aproximação à União Europeia. “Hoje vocês estão não só a defender o futuro da Ucrânia, como de todas as pessoas que amam a liberdade”, afirmou o governante de uma das ex-repúblicas soviéticas que mais engulhos causa a Moscovo.

Para domingo, está convocada uma grande manifestação em Kiev – uma manifestação de um milhão de pessoas. A presença de Saakashvili, que em 2008 se envolveu numa guerra de cinco dias com Moscovo quando as duas províncias separatistas da Geórgia – a Abkházia e a Ossétia do Sul – declararam a independência é uma espécie de bofetada a Vladimir Putin, num momento em que circulam informações contraditórias sobre se o Presidente Viktor Ianukovich já se terá comprometido, ou não, com um acordo para entrar na união aduaneira patrocinada pela Rússia em troca de um preço mais baixo nos fornecimentos de gás natural.

Ianukovich parou em Sotchi na sexta-feira para falar com Putin, quando regressava a Kiev, vindo da China, onde procurava obter acordos comerciais que lhe permitissem o financiamento rápido de que a Ucrânia precisa neste momento como pão para a boca, depois de ter recusado o acordo comercial com a União Europeia. Não foram avançados pormenores sobre o que se terá passado entre ele e Putin, apenas que os dois governantes discutiram “questões de cooperação comercial e económica em diferentes sectores da economia”.

A oposição ucraniana diz ter informações de que Putin apresentou a Ianukovich o texto de um acordo para uma parceria estratégica com Moscovo. “Mas Ianukovich não ousou assiná-lo”, afirmou Arseni Iatseniuk, dirigente do partido Pátria, da ex-primeira-ministra Iulia Timochenko, presa e condenada a uma pena de sete anos por abuso de poder. “Mas está a contar assiná-lo a 17 de Dezembro”, declarou, quando é esperado em Moscovo, para uma reunião entre os dois países.

“A assinatura de um qualquer acordo sobre a criação de uma nova União Soviética vai levar à divisão do país” e provocar manifestações de protesto “de maior envergadura” ainda do que as que se têm verificado, avisou Iatseniuk.

O Kremlin nega que haja qualquer decisão de fazer entrar a Ucrânia na Comunidade de Estados Independentes, a união aduaneira criada pela Rússia com antigas repúblicas soviéticas hoje independentes.

“Não há nenhum acordo final”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin. Confirmou que os dois governos vão-se encontrar a 17 de Dezembro, mas disse apenas que as conversações sobre este assunto vão continuar “ao nível dos especialistas no futuro próximo”.

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