PJ já está a fazer diligências no caso do padre da Golegã suspeito de abuso de escuteira

Episódio ocorreu num acampamento em final de Outubro, organizado pelo agrupamento de escuteiros da Golegã, que tem o pároco como assistente espiritual.

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O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo Corpo Nacional de Escutas Paulo Pimenta

A Polícia Judiciária já abriu um inquérito e, apesar de a investigação ainda se encontrar numa fase embrionária, esta sexta-feira já estão a ser feitas diligências para apurar as suspeitas de abuso sexual que visam o padre da Golegã A. S..

A informação foi confirmada ao PÚBLICO por fonte da Polícia Judiciária de Leiria, que não adiantou mais pormenores sobre a investigação alegando que esta está sujeita ao segredo de justiça.

O sacerdote foi suspenso pela Diocese de Santarém, após a queixa de uma escuteira que alega que o sacerdote lhe tocou de forma inadequada. O episódio ocorreu num acampamento em final de Outubro organizado pelo agrupamento de escuteiros da Golegã, que tem o pároco A.S. como assistente espiritual.

O caso foi noticiado em primeira mão esta quinta-feira pelo jornal local O Mirante e esta sexta-feira faz manchete no Jornal de Notícias e no Correio da Manhã.

A suspensão do padre foi confirmada pela diocese de Santarém, que adianta  “ter iniciado um processo canónico de averiguações a propósito de suspeitas sobre um padre da diocese”. “É a preocupação pelo bem de todas as pessoas que preside a esse processo. Estão a ser cumpridas todas as normas canónicas que dizem respeito a estes casos”, garante a diocese, num comunicado.

O porta-voz do Corpo Nacional de Escutas, Henrique Ramos, confirma a queixa de uma escuteira que participou num acampamento na região de Santarém, no final de Outubro, onde terão estado cerca de duas dezenas de menores entre os 11 e os 13 anos.

“A menina queixou-se que o assistente do agrupamento terá tido um comportamento menos adequado consigo”, afirma Henrique Ramos. E acrescenta: “A escuteira diz que o padre lhe tocou de uma forma estranha”. O porta-voz do CNE garante que esta é a única denúncia existente contra este padre no seio dos escuteiros, que era assistente espiritual daquele agrupamento há pelo menos sete anos. Antes, há mais de uma década, tinha passado por um outro.

Terão sido alguns colegas da rapariga a quem esta decidiu relatar o incidente que a convenceram a contar o episódio aos pais e aos dirigentes do agrupamento. Estes reportaram a situação à hierarquia do Corpo Nacional de Escutas que encaminhou o caso para a Diocese de Santarém.

“O sacerdote encontra-se dispensado de todos os seus encargos. Tal não implica um juízo sobre a sua pessoa, ou sobre os factos, mas favorece a averiguação da verdade”, refere a diocese no comunicado, com data de quinta-feira   
“A diocese deseja manifestar que está próxima dos jovens e suas famílias e de toda a comunidade. Compreende e partilha a perplexidade e tristeza de todos. Está determinada a colaborar para criar um ambiente sereno e seguro para todos”, completa a nota.

Contactado pelo PÚBLICO, o vigário-geral da diocese, Aníbal Vieira, recusa-se a esclarecer se esta é a única queixa existente contra o padre e comenta desta forma o facto de o organismo não ter comunicado o caso às autoridades judiciais: “Agimos correctamente dentro do quadro legal e dos elementos que tínhamos”. Aníbal Vieira garante que este é um caso inédito na diocese e que isso obriga a analisar nas várias fases o modo de proceder. Sobre o processo canónico apenas adianta que o bispo de Santarém, Manuel Pelino Domingues, indicou um padre para fazer o processo de averiguações, recusando-se a precisar a data em que o mesmo foi aberto e se existe um prazo para a sua conclusão.

 


 

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