Comissão Europeia quer operação de segurança e resgate no Mediterrâneo

Número de mortos no naufrágio de Lampedusa subiu para 35. Capitão do navio foi preso. Já tinha sido preso e repatriado em Abril.

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“Vou pedir o apoio e os recursos necessários para salvar vidas”, disse Cecilia Malmström ALBERTO PIZZOLI/AFP

A Comissão Europeia anunciou, nesta terça-feira, a intenção de propôr aos estados membros uma grande operação de “segurança e resgate” para interceptar navios que transportam imigrantes no Mediterrâneo.

“Vou propor aos Estados membros a organização de uma grande operação de segurança e resgate no Mediterrâneo, de Chipre a Espanha”, disse a comissária dos Assuntos Internos, Cecilia Malmström, à chegada à reunião dos ministros europeus do Interior, no Luxemburgo. “Vou pedir o apoio e os recursos necessários para o fazer, para salvar vidas”, acrescentou, explicando que a operação seria feita pela Frontex, agência europeia responsável pela vigilância das fronteiras.

Os contornos da operação não foram explicados mas o objectivo anunciado é, segundo o porta-voz da comissária, Michele Cercone, citado pela BBC, melhorar o “acompanhamento, identificação e salvamento de embarcações, nomeadamente embarcações de migrantes”. “Pode ajudar a prevenir tragédias como a de Lampedusa”, acrescentou.

Cecilia Malmström acompanhará o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, numa deslocação marcada para quarta-feira a Lampedusa, onde foram já recolhidos os corpos de 235 migrantes africanos mortos num naufrágio, na semana passada. Foram salvos 155 e calcula-se que o navio transportasse mais de 400.

A Frontex já ajuda a Itália a interceptar navios com migrantes, mas com recursos limitados. As duas operações da UE no Mediterrâneo Sul envolvem quarto navios, dois helicópteros e dois aviões.

Mudança de regras rejeitada
A maior parte dos países da União Europeia recusaram já a pretensão de estados do Sul, sobretudo da Itália, Grécia e Espanha, de modificarem as regras que determinam que o pedido de concessão de asilo seja apresentado no país de entrada e que seja este a assegurar o alojamento dos requerentes. Segundo a AFP, 24 dos 28 estados membros opuseram-se a alterações.

A recusa foi confirmada pelo ministro alemão Hans-Peter Friedrich. “A Alemanha é o país que trata do maior número de pedidos de asilo na Europa”, comentou. “Não creio que seja esta a altura” para uma tal decisão, afirmou Malmström.

A comissária disse que hoje em dia “há seis ou sete países que assumem toda a responsabilidade” e anunciou que vai pedir aos estados que façam “o máximo para instalarem” mais refugiados

O diário italiano La Repubblica noticiou na manhã desta terça-feira que o capitão do navio naufragado foi preso e acusado de homicídio múltiplo, favorecimento de imigração clandestina e naufrágio.Khaled Ben Salem, 35 anos, de nacionalidade tunisina, tinha, em Abril, sido detido e depois repatriado, por ter transportado 250 refugiados para Lampedusa.

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