O Ocidente lamentará uma intervenção militar na Síria, avisa Rohani

Numa parada militar em Teerão foram exibidos mísseis teoricamente capazes de alcançar Israel e bases americanas na região.

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Membros dos Guardas da Revolução, uma força de elite ATTA KENARE/AFP

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, disse este domingo que o Ocidente lamentará qualquer intervenção militar na Síria, e apelou ao diálogo para pôr fim à guerra neste país aliado de Teerão. Foi durante o discurso que proferiu durante a parada militar que assinalou a guerra Irão-Iraque (1980-88).

“Não procurem uma nova guerra na região, porque o irão lamentar”, afirmou Rohani, que na última semana deu sinais de abertura do regime, que fizeram pensar na possibilidade de um encontro com o Presidente norte-americano, Barack Obama, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que se inicia em Nova Iorque na semana que vem.

“A guerra não pode ser extinta com a guerra. Deve acabar por meios políticos e pelo diálogo”, acrescentou. Rohani convocou os rebeldes que lutam para derrubar o regime de Damasco, que tem em Teerão o seu grande aliado, a “sentarem-se à mesa de negociações” com o Presidente Bashar al-Assad.

Hassan Rohani, que esta semana afirmou que “o Irão nunca desenvolverá armas nucleares”, vincou no entanto a posição iraniana relativamente a este aste assunto. Pediu ao Ocidente que reconheça o direito do Irão de enriquecer urânio no seu território para alimentar as centrais nucleares – uma questão que preocupa os países ocidentais e Israel. O Ocidente tem de aceitar “todos os direitos da nação iraniana, especialmente os direitos nucleares e o de enriquecer urânio em território iraniano no âmbito das regras internacionais”, afirmou.

Rohani também reagiu às declarações do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que pediu na quinta-feira que o mundo não se deixe enganar pelas palavras apaziguadoras do líder iraniano sobre a questão nuclear. “O Irão não constitui uma ameaça para seus vizinhos e para os países da região (...) O regime que é uma verdadeira ameaça é Israel, que espezinha todas as regulamentações internacionais e aumenta as suas reservas de armas nucleares e químicas para ameaçar os demais.”

No desfile militar deste ano, as Forças Armadas iranianos exibiram o maior número de sempre de mísseis teoricamente capazes de alcançar Israel e as bases norte-americanas na região. Em parada estiveram 12 mísseis balísticos do tipo Sejil e 18 do tipo Ghadr, que usam combustível sólido e que têm um alcance anunciado de 2000 quilómetros.

“Nos últimos 200 anos, o Irão nunca agrediu outro país”, sublinhou o Presidente Rohani. “Hoje as Forças Armadas da República Islâmica e o regime nunca iniciarão uma agressão na região, mas resistirão com determinação e de forma vitoriosa aos agressores”, declarou.
 
 

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