Psicólogo e advogado criminal testemunham a favor do casal McCann

Acção cível, por difamação, contra ex-inspector da PJ.

Foto
Kate McCann é embaixadora da organização britânica Missing People e no próximo domingo vai correr a maratona de Londres com o propósito de angariar dinheiro para caridade. Reuters

Apenas duas testemunhas, um psicólogo e um advogado criminal, foram nesta sexta-feira ouvidas no segundo dia do julgamento do processo cível movido pelo casal McCann contra o ex-inspector da PJ Gonçalo Amaral, após a sessão da tarde ser cancelada.

Segundo Isabel Duarte, advogada dos McCann, o cancelamento da audiência marcada para o período da tarde ficou a dever-se a um "problema pessoal" da juíza Maria Emília Melo e Castro. O impedimento é contudo de carácter temporário e não compromete o andamento do julgamento.

Isabel Duarte, advogada do casal McCann na acção cível, por difamação, contra o ex-inspector da PJ que investigou o desaparecimento da criança inglesa no Algarve (2007), adiantou à agência Lusa que, devido a este imprevisto com a juíza, não foi possível ao tribunal ouvir as restantes três testemunhas, todas elas familiares do casal britânico.

Com Kate McCann e a avô da menina desaparecida sentadas na zona destinada ao público, a audiência da manhã serviu para ouvir um psicólogo inglês que acompanhou os irmãos gémeos de Madeleine McCann, após o trágico desaparecimento da criança num apartamento hoteleiro em Lagos, no Algarve.

A outra testemunha ouvida foi um advogado criminal que ajudou o casal McCann na tentativa de decifrar o mistério que rodeia o desaparecimento de Madeleine McCann e que falou sobre o impacto mediático que tiveram em Inglaterra as afirmações públicas de Gonçalo Amaral a envolver os pais da criança no desaparecimento.

Isabel Duarte referiu que as próximas sessões de julgamento estão marcadas para 19, 20 e 27 de Setembro, prosseguindo a 2 e 8 de Outubro e terminando a 5 de Novembro.

Segundo a advogada, Kate McCann não irá depor em julgamento, apesar do novo Código de Processo Civil já prever essa possibilidade, uma vez que o processo foi trabalhado e elaborado noutro pressuposto.

O mesmo se passa com Gonçalo Amaral, que não deverá prestar declarações em julgamento.

Depois de, anteriormente, as partes não terem chegado a acordo extrajudicial na acção cível, em que os pais de Madeleine McCann pediam uma indemnização de 1,2 milhões de euros por alegada difamação do ex-inspector da PJ, o julgamento teve início com a inquirição de três testemunhas - um canadiano e dois ingleses -, "amigos" do casal McCann.

Em declarações quinta-feira à Lusa, Isabel Duarte disse que, desde o princípio, o casal McCann sempre esteve aberto a um acordo extrajudicial com Gonçalo Amaral, mas que não foi possível chegar a um entendimento com o arguido.

Frisou, contudo, que o objectivo principal do casal McCann era a de que a investigação ao desaparecimento da criança fosse retomada, o que, segundo disse, já se concretizou, sem adiantar pormenores ou outras pistas.

Em processo conexo, a 7.ª Vara do Tribunal Cível de Lisboa decidiu, em Janeiro de 2010, manter a proibição da comercialização do livro "Maddie: A Verdade da Mentira", da autoria de Gonçalo Amaral, e do vídeo com o mesmo título, baseado num documentário exibido na TVI.

Madeleine McCann desapareceu a 3 de Maio de 2007, num apartamento de um aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve, onde se encontrava de férias com os pais e os dois irmãos gémeos.

Na altura do desaparecimento, Gonçalo Amaral era coordenador do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Portimão.

Kate e Gerry McCann, que sempre afirmaram que a criança foi raptada, foram constituídos arguidos em Setembro de 2007.O processo foi arquivado por falta de provas, em Julho de 2008, embora o Ministério Público admita a reabertura se surgirem dados novos sobre o desaparecimento da criança.

 

Sugerir correcção
Comentar