Semedo: segundo resgate será imposto pela austeridade, não pela Constituição

Co-coordenador do BE critica “grosseira mentira” de Passos e propõe “programa nacional de reabilitação à habitação urbana”.

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João Semedo Daniel Rocha

No encerramento do Fórum Socialismo, em Lisboa, o co-coordenador do Bloco de Esquerda (BE) disse que Passos está a tentar “transferir” a pressão “arbitrária” e “sem respeito” até agora exercida sobre os funcionários públicos para o TC. O primeiro-ministro “quer fazer crer” que um segundo resgate será consequência dos princípios constitucionais aplicados pelo TC.

“É a política de austeridade que este Governo e a troika têm levado a cabo que conduzirá a um segundo resgate, não a defesa da Constituição”, argumentou. “A austeridade mata o crescimento económico, mata a economia.” O bloquista afirmou que “um segundo resgate é uma dose dupla de austeridade”, enumerando de seguida um conjunto do que entende ser retrocessos registados nestes dois anos que leva a aplicação do Memorando de Entendimento.

“Que progressos teve a economia portuguesa? O investimento recuou 25 anos. A riqueza do país está como estava quando entrámos para a zona euro, há 12 anos. E o consumo? O consumo recuou para o que tínhamos na mudança do século”, sublinhou Semedo. O Governo teve “a modernidade de pôr o país a andar para trás”.

O deputado atacou ainda Paulo Portas, acusando o vice-primeiro-ministro de pretender “facilitar a vida ao capital e aos grandes grupos económicos” quando diz querer baixar os impostos pagos pelas empresas. Semedo defende que são os impostos sobre o trabalho que devem ser reduzidos.

Quanto à diplomacia económica desenvolvida pelo presidente do CDS-PP no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o bloquista atirou: “Foram mais as milhas que Portas fez de avião do que os milhões que trouxe para Portugal”. Semedo considera que “é preciso libertar fundos do Estado” para pôr a economia a crescer, em vez de aguardar pelo investimento estrangeiro.

Aumento do salário mínimo
O dirigente do BE – e candidato à câmara municipal de Lisboa nas eleições autárquicas de 29 de Setembro – prometeu que o partido vai apostar no aumento do salário mínimo, no alargamento do subsídio de desemprego e num programa de reabilitação urbana, com o objectivo de reanimar a economia.

“Vamos defender o aumento do salário mínimo nacional, que não é actualizado há três anos e é o mais baixo da zona euro, alargar o subsídio de desemprego porque há mais de um milhão de desempregados e mais de metade não tem qualquer assistência”, afirmou, segundo a Lusa.

João Semedo propõe que se avance com um “programa nacional de reabilitação à habitação urbana”. “Para reanimar a economia. Temos mais de meio milhão de casas vazias. Com isto, podiam criar-se 60 mil novos postos de trabalho, o que significaria um crescimento de quatro por cento do Produto Interno Bruto”, acrescentou, ainda de acordo com a Lusa.

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