Desactivado plano de emergência no Funchal após três dias de incêndio

Situação no Funchal está mais calma. Três frentes de fogo ainda estão activas mas sem ameaçar habitações.

Os incêndios que deflagraram na madrugada de sexta-feira nas zonas altas do Funchal estavam controlados ao início da tarde de domingo. A situação levou a protecção civil a desactivar Plano Municipal de Emergência do Funchal.

O plano de emergência foi desativado às 12h15, confirmou à Lusa o presidente da Câmara do Funchal. Segundo o autarca, a situação actual ao nível de incêndios é de “rescaldo”. “Não estão previstas, pelo menos, alterações climatéricas muito fortes nas próximas horas que levem a qualquer reacendimento”, acrescentou.

“Entendemos desactivar o Plano Municipal de Emergência a partir deste momento, uma vez que não se justifica”, disse Miguel Albuquerque, no final de uma reunião da Comissão Municipal de Protecção Civil, no quartel dos Bombeiros Municipais do Funchal.

Miguel Albuquerque adiantou que existem “três fogos activos ainda” que estão a ser combatidos pelos Bombeiros Municipais do Funchal, pelos Voluntários Madeirenses e pelo Exército no Lombo do Jamboeiro, na Barreira e no Vasco Gil.

“Nenhum deles põe em risco nenhuma habitação”, assegurou o autarca. “Estamos a efectuar as rondas de prevenção para evitar os reacendimentos no Monte, designadamente nas Babosas, Ribeira das Cales e Tornos, em toda a freguesia de Santo António e de São Roque”, acrescentou.

Elementos dos Bombeiros Municipais do Funchal e dos Voluntários Madeirenses, além das Forças Armadas, estão actualmente nas operações. “Temos duas equipas das Forças Armadas que nos estão a dar um apoio fundamental na limpeza e no rescaldo dessas áreas para realmente debelarmos qualquer foco que possa dar origem a um reacendimento”, esclareceu o comandante dos Bombeiros Municipais do Funchal, Nelson Bettencourt reconheceu que as condições meteorológicas durante a noite “ajudaram”, mas este domingo é “mais um dia de calor” e era “importante” não haver vento: “A situação está muito mais calma, mas vamos ver o desenrolar do dia”, afirmou.

Os fogos que assolaram as zonas altas do Funchal desde as 02h30 de sexta-feira provocaram destruições em pelo menos dez habitações e terrenos agrícolas e deixaram perto de 17 pessoas desalojadas. A intensidade do fumo levou mesmo à evacuação, por prevenção, do Hospital dos Marmeleiros.

A operação de retorno dos 200 doentes ao hospital deverá ficar concluída ainda na manhã deste domingo, disse à agência Lusa o secretário dos Assuntos Sociais da Madeira.

“Os doentes que estavam instalados no Regimento de Guarnição n.º 3, do Exército, foram ontem [sábado] transportados de regresso ao hospital, com total segurança e normalidade, numa operação que terminou às 22h00”, explicou Francisco Jardim Ramos, salientando que a operação “foi sempre acompanhada por profissionais de saúde, tanto na evacuação, na estadia no quartel e no retorno, que fizeram tudo para minimizar as perturbações que uma situação destas causa naturalmente”.

Segundo o governante, hoje de manhã foram transferidos os que foram colocados no Hospital Dr. Nélio Mendonça.“Até ao final da manhã, todos os nossos doentes estarão instalados nas suas enfermarias”, assegurou Francisco Jardim Ramos.
Perto de 200 utentes foram transferidos para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, que acolheu 49 doentes, enquanto os outros 150 foram colocados nas instalações militares do RG3 no Funchal.

Em relação aos danos em habitações, o secretário dos Assuntos Sociais da Madeira afiançou que "àqueles que tiveram prejuízos estaremos atentos no sentido de apoiá-los, nomeadamente na recuperação das respetivas habitações”, referindo que até ao momento são dez as casas destruídas total ou parcialmente.

A Câmara Municipal do Funchal espera poder desactivar o plano de emergência municipal (accionado na sexta-feira) ao final da manhã deste domingo.

Combate à criminalidade deve ser endurecido
Alberto João Jardim elogiou no sábado o esforço de polícia e bombeiros no combate às chamas, deixando uma crítica às lacunas no combate ao crime. Para o presidente do Governo Regional da Madeira este tipo de situações graves acontece devido a “criminalidade não combatida eficientemente”.

Também o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses defendeu no sábado que são necessárias «penas mais duras» para o crime de fogo posto, entendendo que é urgente rever o Código Penal nesta matéria. Em declarações à TSF, Jaime Marta Soares considerou inaceitável que incendiário possa ser levado a tribunal e depois apenas tenha de fazer apresentações periódicas às autoridades.

Já este domingo, o representante da República para a Região Autónoma da Madeira manifestou “solidariedade” e “profunda tristeza” às populações afetadas pelos incêndios que lavram há mais de dois dias no concelho do Funchal.

Em comunicado, Ireneu Barreto expressou “solidariedade e profunda tristeza às populações afetadas pelos incêndios ocorridos nas freguesias do Monte, de São Roque e de Santo António, pertencentes ao concelho do Funchal”.

“Após ter contactado e ser informado pelas entidades civis e militares envolvidas diretamente no combate a esta catástrofe ambiental, social e económica, o representante da República manifesta o seu reconhecimento a todos aqueles que, mais uma vez, deram o melhor do seu esforço para minimizar e superar os danos pessoais e materiais sentidos por aquelas populações”, acrescenta.

Acompanhe o trabalho especial do PÚBLICO sobre incêndios e florestas e consulte as previsões do site de meteorologia do PÚBLICO.

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