Família de Morsi vai acusar chefe das Forças Armadas de rapto

Novos confrontos perto da praça Tahrir do Cairo fazem um morto e 26 feridos.

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Shaimaa e Osama Morsi, filhos do Presidente deposto Khaled Desouki/AFP

Pelo menos um manifestante morreu esta segunda-feira à tarde em confrontos entre apoiantes e adversários de Mohamed Morsi, o Presidente deposto no início do mês pelos militares unidos à oposição no Egipto. Horas antes, a família de Morsi anunciara que vai processar o chefe das Forças Armadas, o general Abdel Fatah al-Sissi, por rapto.

Grupos de manifestantes enfrentaram-se perto da praça Tahrir, no centro da capital egípcia, cenário dos protestos que levaram ao derrube de Hosni Mubarak, no início de 2011. É aqui que se têm concentrado os adversários de Morsi, enquanto os apoiantes mantêm uma concentração junto a uma mesquita dos subúrbios.

Estes confrontos começaram quando alguns apoiantes de Morsi passaram nas redondezas da Tahrir. Foram lançadas muitas pedras e a polícia diz ter tentado separar os manifestantes com gás lacrimogéneo. Mas um dos manifestantes chegou ao hospital com ferimentos de bala, "morrendo depois da hospitalização", disse à AFP Mohamed Soltan, director adjunto dos serviços de urgência do Ministério da Saúde. Há 26 feridos.

Perto de 150 pessoas já morreram desde as manifestações do fim do mês de Junho, quando milhões pediram nas ruas a demissão de Morsi. Desde que o Presidente eleito no Verão passado foi afastado, os confrontos têm sido esporádicos. Mas 53 apoiantes da Irmandade Muçulmana morreram em poucas horas, no dia 8 de Julho, quando as forças de segurança dispararam contra a multidão que se manifestava à porta da sede da guarda presidencial, onde o ex-líder chegou a estar detido.

A Irmandade considera as novas autoridades ilegítimas e exige que Morsi seja libertado e que possa regressar à presidência.

Morsi não aparece em público desde que foi afastado, na noite de 3 de Julho. Numa conferência de imprensa no Cairo, a família confirmou que nunca mais falou com ele. "Nenhum de nós teve qualquer contacto com o nosso pai desde a tarde do golpe", afirmou Osama Morsi, um dos filhos.

"Estamos a iniciar procedimentos legais, localmente e internacionalmente, contra Abdel Fattah al-Sissi", disse a filha, Shaimaa Mohamed Morsi. "Consideramos o chefe do golpe de Estado e o seu grupo completamente responsáveis pela saúde e integridade do Presidente Morsi."

Morsi não foi acusado de nenhum crime – houve notícias de que os procuradores estavam a considerar acusá-lo de "incitamento à violência", acusação de que foram alvo vários membros da Irmandade. Organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch, defendem que a sua prisão é ilegal. Na mesma situação estão alguns dos seus conselheiros, detidos em simultâneo e mantidos em local desconhecido.

Diferentes países, nomeadamente os Estados Unidos e a Alemanha, já apelaram aos responsáveis militares e às novas autoridades interinas nomeadas pelo Exército para que libertem o político. O mesmo fez a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, durante uma visita ao Cairo, na semana passada.

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