Empate técnico nas eleições na Baixa Saxónia

Partido de Merkel e os seus aliados liberais obtiveram 46%, o mesmo que o bloco rival. A grande surpresa foi o bom resultado dos liberais.

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Philipp Rösler, o líder dos liberais, é o grande beneficiado com o resultado Thomas Peter/Reuters

Um empate técnico era esperado nas eleições na Baixa Saxónia. O que não era previsto era o resultado dos liberais, que nas sondagens tinham 5% e obtiveram cerca de 10%, segundo as sondagens à boca das urnas. A reviravolta foi tão grande que a revista Der Spiegel dizia mesmo que o FDP “regressou do reino dos mortos”.

O líder dos liberais, Philipp Rösler, pode respirar de alívio e manter-se, pelo menos para já, no cargo, esperando uma repetição do resultado a nível nacional nas eleições de Setembro (os liberais têm aparecido consistentemente nas projecções com menos de 5%, uma fasquia importante, pois sem ela o partido não entra no Parlamento).

Os liberais estavam a ser vistos como a maior fraqueza da chanceler, Angela Merkel, que parece ter um caminho fácil para uma vitória, caso não haja grandes alterações na crise do euro ou na economia alemã daqui até Setembro. Se os liberais falhassem a entrada no Parlamento, Merkel poderia ser forçada a escolher outro parceiro de coligação, ou os sociais-democratas, ou os verdes.

Assim, as eleições da Baixa Saxónia, que é o quarto estado federado da Alemanha em termos de população, estavam a ser vistas como uma minieleição nacional — uma coligação CDU-liberais ameaçada por uma oposição social-democrata-verdes. Mas, apesar de se poderem retirar da votação deste domingo algumas conclusões que ajudem na eleição nacional, esta eleição é diferente: o SPD partia com vantagem nas sondagens (13% à frente da CDU), enquanto a nível nacional nunca esteve perto de ser uma ameaça para o partido de Merkel.

Ao início da noite de domingo, o resultado parecia ser um empate técnico: 46 deputados para a CDU-FDP, 46 para o SPD-Verdes. Segundo as contas feitas sobre estes dados preliminares, parecia que em número de deputados a coligação CDU-FDP tinha um deputado mais do que a aliança rival.

Quem tinha mais a ganhar ou a perder nestas eleições eram os liberais, mas os sociais-democratas também esperavam vencer e que isso os ajudasse a inverter a queda do partido e do seu candidato, Peer Steinbrück, que se lançou numa senda de gaffes e tem visto a sua popularidade, que sempre esteve abaixo da da chanceler, diminuir ainda mais. O SPD tem neste momento nas sondagens a nível nacional 23%, ainda menos do que os desastrosos 24% de 2009, o pior resultado do partido no pós-guerra.

O SPD parece ter mostrado alívio. A Reuters relata que o líder social-democrata, Sigmar Gabriel, deu uma palmada nas costas a Steinbrück, quando saiu o primeiro resultado do SPD (32,5%, mais 2,2% do que nas eleições anteriores no estado federado): “Se conseguimos este resultado quando fazemos asneira, podemos fazer tudo o que quisermos."
 
 

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