Ordem de São João de Deus diz que denúncias de abusos sexuais são "caluniosas"

Em comunicado, a ordem religiosa que tem oito estabelecimentos de saúde no país, nega suspeitas que levaram Ministério Público a abrir inquéritos.

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PGR remete caso Baptista da Silva para o DIAP Daniel Rocha

A Ordem Hospitaleira de São João de Deus reagiu esta sexta-feira às investigações judiciais em curso sobre eventual prática de crimes de abuso sexual. Em comunicado, citado pela Lusa, a ordem religiosa diz que os inquéritos partem de "denúncias falsas e caluniosas" feitas anonimamente por correio electrónico.

Numa resposta à Lusa, o superior provincial da ordem em Portugal, José Louro, que ainda não tinha feito qualquer declaração sobre os inquéritos-crime, afirma que a investigação "se encontra em curso desde Outubro de 2010" e partiu de "emails anónimos". Segundo o padre, estas mensagens foram divulgadas para "lesar o bom-nome" da ordem. 

 


José Louro garantiu que a Ordem e o Instituto de São João de Deus, a instituição particular de solidariedade que gere os oito estabelecimentos hospitalares da Ordem, têm "regras instituídas e muito claras" sobre eventuais abusos sexuais, cuja suspeita "deve ser sempre investigada e comunicada às autoridades competentes". 

 


A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou quinta-feira que foram abertos três inquéritos sobre alegados "abusos sexuais de incapazes e de pessoa internada" e crimes patrimoniais e fiscais. As denúncias foram remetidas para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

 


Os alegados crimes terão ocorrido em Sintra, onde a ordem tem a Casa de Saúde do Telhal (constituída por unidades de longo internamento e de reabilitação e três clínicas especializadas de psiquiatria aguda, psicogeriatria e alcoologia). mas também em Montemor-o-Novo, onde é responsável por um hospital especializado em ortopedia, que faz parte da rede nacional de cuidados continuados. Estão ainda a ser investigados factos em Portalegre.

 


A nota da PGR menciona que, na sequência das declarações prestadas a alguns órgãos de comunicação social pela ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana, foi ainda ordenada a abertura de um outro inquérito, no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa. A 8 de Dezembro, a ex-provedora da Casa Pia de Lisboa disse ao PÚBLICO que conhecia casos de pedofilia na Igreja.

 


A PGR admite que os inquéritos, ou alguns deles, possam vir a ser "unificados", se tal se justificar em razão da "natureza dos bens jurídicos em causa" e das "regras de conexão processual". 

 


Quanto a um outro inquérito que correu termos nos serviços do Ministério Público de Ponta Delgada, por factos reportados ao Ministério Público pelo Instituto S. João de Deus, a PGR anuncia que foi arquivado por "insuficiência de indícios", sendo passível de reabertura se novos elementos probatórios que o justifiquem forem carreados. 

 


Sobre este último processo, a ordem afirma que ele "existiu por iniciativa da própria instituição", que comunicou as suspeitas "aos serviços do Ministério Público de Ponta Delgada". 

 


A ordem e o instituto regem-se por "regras e procedimentos absolutamente claros e transparentes", lê-se no comunicado da ordem, que garante que "assim continuará".

 


 


 


  
 
 

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