Grupo ligado à supremacia branca planeou atentado no congresso do ANC

Suspeitos planeavam cometer atentados em todo o país. Dois são membros de um novo partido extremista.

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Jacob Zuma (à dir.) deverá ser reeleito presidente do partido no poder Stephane de Sakutin/AFP

A polícia da África do Sul anunciou a detenção de quatro pessoas com ligações a movimentos racistas, que são suspeitas de planearem um ataque à bomba no congresso do ANC e outros ataques em diversos pontos do país.

O partido no poder na África do Sul está reunido em congresso e o resultado final não deverá ser surpresa para ninguém: Jacob Zuma, líder do partido desde 2007 e Presidente do país há três anos e meio, tem a vitória praticamente garantida.

Sem margem para reviravoltas de última hora, a notícia que marcou o segundo dia da reunião do ANC (Congresso Nacional Africano) – que começou no domingo e decorre esta semana em Bloemfontein – foi a detenção de quatro pessoas ligadas a um movimento radical que defende a supremacia branca. Segundo as informações da polícia, os suspeitos preparavam-se para fazer explodir uma bomba no local do congresso e fazem parte de um grupo que planeava a realização de ataques terroristas em todo o país.

"As acções deles estão espalhadas por várias regiões. Foram detidos em províncias diferentes", disse à Reuters um porta-voz da polícia sul-africana, Billy Jones.

A notícia foi avançada pelo site do semanário sul-africano City Press, que deu conta da detenção de sete pessoas nas províncias de Limpopo (Sul), Free State (Centro) e Cabo Norte (Sul), numa acção que se seguiu a "semanas de investigações". 

Em reacção à notícia, um porta-voz do ANC, Jackson Mthembu, disse que nenhum dos participantes no congresso tinha conhecimento da operação. "Foi bom que eles não nos tenham alertado. Desta forma, a conferência prosseguiu sem qualquer problema. (...) Temos aqui membros do ANC, jornalistas, padres e embaixadores. Teria sido terrível se tivesse acontecido alguma coisa", salientou o porta-voz.

A polícia da província de Free State – cuja capital é Bloemfontein, palco do congresso do ANC – descreveu os detidos como quatro pessoas com idades entre os 40 e os 50 anos e confirmou que todos eles são suspeitos de "actos de terrorismo", avança a South African Press Association. "As residências deles foram alvo de buscas e foram apreendidas provas que dão consistência à investigação", declarou o porta-voz da polícia, Billy Jones.

A polícia não adiantou mais pormenores, mas o responsável pela comunicação do ANC, Keith Khoza, disse ao semanário City Press que as investigações levaram as autoridades a acreditar que os suspeitos planeavam fazer explodir uma bomba no local do congresso. "Teria sido um acto de terrorismo a que a África do Sul não se pode permitir", disse Keith Khoza.

Pelo menos dois dos suspeitos detidos pertencem ao recém-formado Partido da Liberdade Federal, um movimento com poucos seguidores que defende a autodeterminação da minoria afrikaner. Apesar de confirmar que dois dos seus membros – incluindo o presidente e um elemento do conselho executivo – foram detidos nesta operação da polícia, o secretário nacional do partido, Francois Cloete, disse ao site australiano Brisbane Times que ambos agiram por iniciativa própria. "O partido não se revê em qualquer ataque terrorista. Somos um partido político e não uma organização terrorista", afirmou Cloete. O mesmo responsável explicou ao site sul-africano News24 que o Partido da Liberdade Federal "promove a autodeterminação do povo afrikaner/boer através de um modelo político federativo".

O mesmo site avança que as autoridades deverão anunciar novas detenções em breve. “Sim, esperamos deter mais pessoas, mas não podemos revelar mais pormenores neste momento”, disse o porta-voz da polícia da província de Free State, citado pelo News24.
 
 

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