Oposição egípcia teme "sangue e conflitos" no referendo

Consulta popular começa este sábado e termina no fim-de-semana seguinte

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A Irmandade Muçulmana, de Morsi, apela ao "sim" no referendo GIANLUIGI GUERCIA/AFP

Os egípcios começam a votar este sábado no referendo ao projecto da futura Constituição, mas mesmo depois do afastamento de um boicote por parte da oposição, algumas das vozes mais críticas contra o Presidente Morsi alertam para a possibilidade de os próximos dias serem marcados por “sangue e muitos conflitos”.

Em declarações à agência Reuters, Ahmed Said, uma das figuras da Frente de Salvação Nacional, considera que “não é correcto fazer-se um referendo” num período de tanta “amargura”.

Mas entre o apelo ao “não” e a ameaça de boicote, a oposição não tinha muito por onde escolher, segundo o analista Shadi Hamid, do Centro Brookings de Doha, no Qatar. “Há uma possibilidade real de o resultado [do referendo] desmoralizar a oposição. Se a Constituição obtiver 70% ou mais, poderá ser difícil de recuperar e Morsi irá reivindicar a legitimidade” da consulta popular, disse o analista à Reuters.

Para além de uma posição mais organizada, os defensores da nova Constituição, liderados pela Irmandade Muçulmana, podem também beneficiar do cansaço de muitos egípcios, mesmo entre aqueles que não concordam com o texto aprovado por uma Assembleia Constituinte dominada pelos islamistas.

Ahmed Helmy, um engenheiro de 35 anos ouvido pela Reuters na Praça Tahrir, no Cairo, é um desses egípcios: “Se gosto da Constituição?”, questionou-se. “Não, o painel que a elaborou foi um monopólio. Mas quero que o referendo se realize para que possamos sair deste prolongado período de transição, que está a fazer com que pessoas como eu e milhões de outros egípcios desejassem sair do país.”

Do lado da Irmandade Muçulmana, Essa mal-Erian justificou o apelo à aprovação do projecto de Constituição: “Digam ‘sim’ por um futuro melhor e distribuam o poder entre as instituições para que eles não fiquem concentrados numa única pessoa.”

 

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