Críticos de Los Angeles enchem o Michael Haneke de "Amor" com mais prémios

Em termos quantitativos, o vencedor da noite foi O Mentor, com quatro prémios.

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Emmanuelle Riva, em "Amor" DR

Já tem a Palma de Ouro, já tem o prémio de melhor filme estrangeiro do New York Film Critics Circle e já tem quatro Prémios do Cinema Europeu, entre os quais o de melhor filme. E agora Amor, do austríaco Michael Haneke, acumula também o prémio de melhor filme do ano para a Los Angeles Film Critics Association. No anúncio de domingo (os prémios serão entregues a 12 de Janeiro), só teve competição num outro título: O Mentor, de Paul Thomas Anderson, que recebeu quatro prémios.

O filme de Haneke, Palma de Ouro no mais importante festival de cinema do mundo, Cannes, foi distinguido pelos críticos de Los Angeles com o seu prémio máximo, apesar de alguns dos outros galardões de maior importância (melhor realizador, actor – Joaquin Phoenix – e actriz secundária – Amy Adams) terem ido para O Mentor, história sobre as dificuldades de adaptação à vida no pós-II Guerra de um veterano da Marinha (com estreia a 17 de Janeiro em Portugal).

Os prémios da associação de críticos de Los Angeles são vistos, como explica o Los Angeles Times, como aqueles que tendem a “reconhecer filmes e interpretações menos previsíveis”. No entanto, chegada a altura de eleger as melhores actrizes do ano (este ano, houve um empate), os prémios entregues à jovem estrela Jennifer Lawrence, por Guia Para um Final Feliz, de David O. Russell (e com estreia marcada para 10 de Janeiro em Portugal), e à veterana Emmanuelle Riva, por Amor, não geraram surpresa – para além do ex aequo. Já a primeira mulher a receber o Óscar de melhor realizador por Hurt Locker, Kathryn Bigelow, e o seu mais recente Zero Dark Thirty (estreia em Portugal a 17 de Janeiro), sobre a caça a Osama bin Laden, foram quase ignorados pela crítica de Los Angeles, depois de terem sido coroados pelos críticos de Nova Iorque. Na costa Oeste dos EUA, Bigelow, nomeada para melhor realizador, foi batida por P. T. Anderson, e Zero Dark Thirty apenas foi distinguido pela montagem.

O prémio de melhor animação foi para Frankenweenie, de Tim Burton, o melhor actor secundário foi Dwight Henry, por Beasts of the Southern Wild, premiado este ano no Festival de Sundance, e outro dos filmes-sensação de 2012 (e também o foi em Cannes), Holy Motors, de Leos Carax, foi considerado o melhor filme estrangeiro – estreia em Portugal na próxima semana, a 20 de Dezembro.

Amor é a história de um casal octogenário (Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, dois veteranos do cinema francês) e as perspectivas da vida e da morte na sequência de um acidente vascular cerebral da mulher. Também a National Board of Review e a revista Time consideraram Amor o melhor filme estrangeiro e o melhor filme do ano, respectivamente.

O filme de Haneke, realizador que já tinha recebido a Palma de Ouro por O Laço Branco, que está a fazer uma boa carreira no circuito de prémios que antecedem os Óscares (e é o candidato oficial da Áustria à nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro), foi escolhido como terceiro melhor filme de 2012 da revista Sight & Sound, do British Film Institute (que deu o primeiro lugar do pódio a O Mentor), mas ficou de fora, por exemplo, da lista anual dos dez melhores do ano da conceituada Cahiers du Cinéma – a lista foi encabeçada por Holy Motors. O director adjunto dos Cahiers, Jean-Philippe Tessé, disse na altura ao PÚBLICO, sobre a ausência da lista do filme de Haneke e de outros títulos, como César deve morrer, de Paolo e Vittorio Taviani e Urso de Ouro no Festival de Berlim, que tais são projectos “pensados para fins mediáticos” e presos a um “academismo artístico autoritário”.

Os prémios da Los Angeles Film Critics Association são atribuídos por um grupo de cerca de 50 profissionais da crítica cinematográfica que trabalham para meios de comunicação da região de Los Angeles. No ano passado, distinguiram Os Descendentes como melhor filme. 

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