Portugueses não sabem o que esperar da redução na Base das Lajes

Estados Unidos querem uma forte redução da presença militar na Base das Lajes, nos Açores. A região está preocupada com o impacto da decisão no desemprego.

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A base fica na ilha Terceira e tem um grande impacto económico na região açoriana Carlos Lopes

O presidente da comissão representativa dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes, nos Açores, João Ormonde, disse que não pode avaliar o impacto da redução do efectivo militar norte-americano, sem conhecer a proposta dos EUA.

“Não temos conhecimento dos termos desta proposta nem dos detalhes”, salientou, revelando, no entanto, saber que o Governo português já teria sido informado sobre esta proposta. Contudo, o semanário Expresso na sua edição deste sábado fala em pelo menos 300 trabalhadores directos.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Miguel Guedes, disse na sexta-feira que “o Governo dos Estados Unidos da América informou segunda-feira desta semana o Governo português que o secretário da Defesa ratificou, recentemente, uma proposta da Força Aérea americana que prevê uma forte redução da dimensão da sua presença na base aérea portuguesa n.º 4 (Lajes, Açores)”.

Para João Ormonde, se a redução for “muito significativa”, terá “forçosamente” como consequência o despedimento de trabalhadores portugueses, mas, desconhecendo se essa redução vai implicar “uma reestruturação ou uma eventual desactivação de serviços”, não consegue prever a dimensão do seu impacto. “O que nos preocupa é perceber em que medida é que isto afecta os trabalhadores, quantos afectará e como é que serão feitos os despedimentos”, salientou.

João Ormonde revelou ainda que a comissão esteve reunida com o comandante da Zona Aérea dos Açores, que disse “não ter conhecimento de qualquer informação adicional, para além daquela que foi divulgada no início do ano”.

O representante dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes considera, no entanto, que “haverá dados novos e que estarão na posse do governo regional”, tendo em conta que o executivo açoriano esteve reunido na passada quarta-feira com o Governo da República, quando foi informado da ratificação do acordo.

Nesse sentido, a comissão representativa dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes pediu um encontro com o governo regional para os próximos dias, onde vai procurar um “esclarecimento” sobre as intenções dos EUA e sobre o “plano” que poderá ser traçado pelas entidades portuguesas.

Demasiado peso para os Açores

O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, já se tinha pronunciado sobre a ratificação da proposta norte-americana, na passada quarta-feira, na Assembleia Legislativa da região, alegando que esta matéria exige “o comprometimento total, absoluto e pleno do Governo de Portugal”.

“Ao Governo da República exortamos para que assuma, plenamente, uma abordagem que denote a consciência clara do que aqui está em causa”, salientou, acrescentando que podem ser afectados “centenas de trabalhadores açorianos”, o que corresponde a “uma percentagem demasiado elevada da economia da ilha Terceira e muito significativa da economia regional”.

Vasco Cordeiro adiantou que o executivo açoriano “apoia, inequivocamente, todos os esforços, diligências ou medidas do Governo português destinadas a salvaguardar a letra e o espírito do Acordo de Cooperação e Defesa”, salientando que esta questão “não se esgota em componentes sectoriais porventura mais visíveis, antes só pode estar centrada no âmbito do relacionamento diplomático entre os dois países”.
 

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