Confederação das Associações de Pais preocupada com a “fome que entra nas escolas”

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CONFAP alertou para o número crescente de famílias sem apoios Nelson Garrido

A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) manifestou-se este sábado "claramente preocupada" com a fome "que entra nas escolas" e alertou para o número crescente de famílias em dificuldades que não recebem qualquer apoio da Acção Social Escolar (ASE).

Durante a sessão do Conselho Geral daquela entidade que decorre em Cantanhede, o presidente da CONFAP, Albino Almeida, aludiu a uma classe média "envergonhadíssima" que se vê obrigada a pedir apoios de que antes não necessitava, apontando as "dificuldades" que atingem famílias que viram o rendimento disponível cair mas não são elegíveis "para nenhum apoio" da ASE.

À margem do encontro, em declarações aos jornalistas, explicou que "para além da vergonha de ter de pedir esse apoio" as pessoas "têm de estar nas boas graças quer dos directores das escolas, quer das autarquias", para conseguirem ter os filhos na escola, face às dificuldades que atravessam.

Frisou que a CONFAP fez uma proposta na Assembleia da República para que as autarquias "definissem um valor de rendimento disponível das famílias", através da obrigação destas em apresentarem documentos que provem a sua situação, "para que possam passar a receber um dos apoios" previstos no escalão A da Acção Social Escolar, transporte, alimentação ou manuais escolares.

"Há alunos que não precisam do transporte nem da alimentação mas precisam de manuais. Há outros que precisam de facto do apoio para a alimentação ou para os transportes", argumentou Albino Almeida.

Classificou a proposta da CONFAP de "muito concreta": "o Estado tem de confiar mais, transferindo competências e poderes para que a decisão seja local e vá ao encontro das reais necessidades das pessoas", frisou.

"É preciso dar confiança às escolas e às autarquias para que possam, caso a caso, resolver situações e dar às pessoas o apoio que se revelar mais importante para que os filhos continuem na escola", defendeu.

Segundo Albino Almeida, as autarquias estão a ter um papel de "grande sensibilidade social", frisando que não estão a ser divulgadas as listas com incumprimentos de famílias ao nível, por exemplo, do pagamento de refeições.

"Pelas projecções que fazemos tememos que as grandes autarquias atinjam, no final do ano lectivo, números de incumprimentos da ordem do meio milhão de euros em refeições", alegou.

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