As tensões da região e as propostas da Igreja

O Sínodo dos Bispos sobre o Médio Oriente, realizado em Roma em 2010, é o pretexto para a viagem do Papa, que assinará no Líbano a exortação apostólica, ou seja, as orientações para a Igreja na região.

No texto, Bento XVI retomará as principais sugestões da reunião de bispos. Entre elas, a ideia de que cristãos e muçulmanos "partilham a mesma vida e o mesmo destino" na região. Por isso são desafiados a deixar de lado "os preconceitos".

O Sínodo propunha que as relações com os muçulmanos incluíssem a promoção da "noção de cidadania, a igualdade dos direitos e deveres, a liberdade religiosa incluindo a liberdade de culto e a liberdade de consciência". E opor-se "a todo o tipo de fundamentalismo e de violência em nome da religião". O Sínodo sugeria ainda "a purificação da memória, o perdão mútuo pelo passado e a busca de um melhor futuro comum".

Os bispos católicos apelavam à aplicação das resoluções das Nações Unidas sobre refugiados e estatuto de Jerusalém, temas fulcrais no Médio Oriente. E defendiam a cooperação com os judeus e um maior conhecimento do judaísmo por parte dos cristãos.

As igrejas católicas orientais - com governo autónomo, mas em comunhão com o Papa - devem também acentuar o seu diálogo com protestantes e ortodoxos, diziam os bispos, que sugeriam a tradução árabe comum de algumas orações, unificação das datas do Natal e da Páscoa e a instituição de uma festa para celebrar os mártires da fé.

Sobre o êxodo a que os cristãos do Médio Oriente se têm sentido forçados, o Sínodo apelava a que eles não cedam à tentação de vender as suas propriedades. Consolidar a presença dos cristãos nos países de origem é outra das ideias.

Os bispos denunciavam ainda a situação dos imigrantes e das mulheres. "Os seus direitos devem ser respeitados", diziam, assumindo a necessidade da transparência financeira da Igreja.

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