Violência contra idosos mais do que duplicou nos últimos 11 anos

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As vítimas são sobretudo mulheres, entre os 65 e os 75 anos Foto: Daniel Rocha

Entre 2000 e 2011, a Associação de Apoio à Vítima (APAV) registou 6249 casos de idosos vítimas de crimes e de episódios de violência, um número que aumentou para mais do dobro durante esse período. As vítimas são sobretudo mulheres, entre os 65 e os 75 anos.

Num relatório sobre os crimes cometidos contra idosos nos últimos 11 anos, a APAV revela que em 2000 recebeu 290 pedidos de ajuda por parte de idosos maltratados. Em 2011, esse número aumentou para 749 – mais 158%. A maioria das vítimas (78,4%) é do sexo feminino.

O maior número de casos foi registado em 2008, com 792 casos, mas a APAV não avança uma explicação possível para este aumento. Em mais de metade dos processos que deram entrada na associação, as vítimas têm entre 65 e 75 anos. Os autores dos crimes são homens (em 62,6% dos casos) com mais de 65 anos (em 22,5% dos processos).

No que diz respeito à relação entre a vítima e o autor do crime, em 33% das situações os dois são cônjuges ou companheiros, e em 23,9% dos casos o processo decorre entre pais e filhos.

Quanto ao tipo de crime praticado, a maioria dos “factos criminosos” registados pela APAV são episódios de violência doméstica – 80% de um total de 12.837 casos. Seguem-se os crimes contra as pessoas (12%) e os crimes contra o património (7%).

A APAV revela ainda que o número de casos de pais agredidos pelos filhos quase duplicou no período entre 2004 e 2011: de 299 casos, passou para 591. As vítimas são quase sempre do sexo feminino, enquanto que os filhos agressores são homens na maioria dos casos.

Na maior parte dos processos de violência, as vítimas têm mais de 65 anos, e os filhos agressores têm entre os 18 e os 35 anos. Mais de metade dos casos dizem respeito a maus tratos psíquicos e físicos.

Dezanove denúncias de violência doméstica por dia

Entre 2000 e 2011, a APAV recebeu em média 19 denúncias de violência doméstica por dia, num total de 76.582 casos, em que as vítimas foram maioritariamente mulheres.

O ano de 2002 foi o mais crítico, segundo o relatório: registaram-se 7543 casos, dos quais 92% (6958) são episódios de violência sobre mulheres. Mas o aumento do número de casos neste ano deve-se também ao facto de a APAV assegurar uma linha telefónica de apoio durante a noite e aos fins-de-semana, nota a associação.

Em 34,9% dos casos registados nos últimos 11 anos, as vítimas de violência doméstica têm entre 26 e 45 anos. Esta é também a faixa etária em que se encontra a maior parte dos agressores (28,2%), que são em grande parte (em 49.869 casos) cônjuges ou companheiros das vítimas.

Entre 2000 e 2011, a APAV recebeu 656 denúncias de casos de violência contra bebés até aos três anos, 586 casos de violência contra crianças entre os quatro e os cinco anos e 1551 entre os seis e os dez anos.

Muitas vezes, as vítimas são alvo de vários crimes em simultâneo, o que explica o número global de crimes de violência doméstica: mais de 172 mil. A principal forma de violência não é física: durante aquele período, a APAV registou 50.293 casos de maus tratos psíquicos. Seguem-se os maus tratos físicos – mais de 46 mil. Os casos de violação e abuso sexual totalizam mais de três mil crimes.

Violência sobre crianças nas escolas também aumentou

Noutro relatório, a APAV revela que os crimes contra crianças e jovens nas escolas aumentaram 289% entre 2005 e 2011, passando de nove para 35 casos. No total, nesses sete anos foram registados 186 crimes, na sua maioria contra raparigas entre os 11 e os 17 anos.

No período entre 2000 e 2011, APAV registou um total de 7387 processos de apoio a crianças e jovens vítimas de crime e de violência, que se traduziram num total de 11.261 factos criminosos. A violência doméstica foi o crime mais reportado (85,7%).

 

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