Junta de São Nicolau quer tirar carros da Baixa de Lisboa

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Rui Gaudêncio

O presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, em Lisboa, quer tirar os carros da Baixa e torná-la pedonal, uma proposta criticada pelo Automóvel Clube de Portugal e que a União de Associações do Comércio admite mediante algumas condições.

“O futuro da Baixa é ser pedonal, não tenhamos dúvidas. Haja a resistência que houver. A Baixa precisa de pessoas, não de carros”, disse António Manuel (PSD) à Agência Lusa.

Segundo o autarca, a grande maioria dos veículos que passam na Baixa não quer na verdade ir para a Baixa. “Setenta por cento do tráfego que utiliza a Rua da Prata é de atravessamento, na Rua do Ouro esse número sobe para 85% e na Ribeira das Naus é de 90%. Esse tráfego utiliza a Baixa como atalho, só provoca poluição e não serve a Baixa”, frisou.

Por isso, António Manuel fez chegar ao vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Nunes da Silva, uma proposta no sentido de reduzir o trânsito na Baixa lisboeta, alargar os passeios e alterar a gestão dos parques de estacionamento subterrâneos.

“A gestão dos parques não serve os interesses da Baixa. São muito caros e, nas grandes superfícies, há determinadas horas grátis e redução do pagamento mediante o valor das compras”, disse à Lusa, acrescentando que os comerciantes da zona estão a “concorrer em situação de desigualdade com centros comerciais”.

Afirmando que estas alterações terão de ser feitas faseadamente, António Manuel frisou que as pessoas que querem ir para a Baixa poderão levar os carros até aos parques de estacionamento, mas, se querem um atalho, terão de ir por outros caminhos.

Ideia “sem pés nem cabeça”

Contactado pela Lusa, o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, criticou a ideia, afirmando que vai “matar a Baixa”. É uma ideia “sem pés nem cabeça” porque aquela é uma zona de “passagem de colina para colina”, considerou.

Carlos Barbosa disse ainda que, enquanto os responsáveis políticos de Lisboa “não perceberem o modo como a cidade foi reconstruída após o terramoto e como se faz a mobilidade em Lisboa, não há nada a fazer”.

A presidente da União de Associações do Comércio e Serviços, localizada em Lisboa, referiu que a proposta de António Manuel pode “não criar constrangimentos ao comércio” se cumprir três requisitos prometidos pela câmara: vários parques de estacionamento, preços acessíveis (nos parques) e miniautocarros gratuitos que levem as pessoas da Baixa aos parques de estacionamento.

“Caso contrário, vai criar ainda mais entraves ao comércio”, afirmou Carla Salsinha.

A Lusa tentou contactar o vereador da Mobilidade, Nunes da Silva, mas até ao momento não foi possível.

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