Noctourniquet

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A confirmação do regresso dos At the Drive-In deve ter sossegado Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodriguez-Lopez a ponto de a ansiedade que percorre a sua música aparecer aqui num colete-de-forças. "Noctourniquet", álbum que pode estar fadado a ser o derradeiro para os Mars Volta, é um disco que respira alguma calma. E isto porque o percurso dos Mars Volta sempre foi fértil em rock a achar que era free jazz e psicadelismo com napoleónicos desejos de invadir cada segundo de música.

O arranque, "The Whip Hand", é uma das melhores peças da sua discografia, colocando-nos na inimaginável pista do que poderiam ser os N.E.R.D. se a sua fórmula de R & B/funk mais rock tivesse nascido nas cabeças destes dois e não nas de Chad Hugo e Pharrell Williams. Mas apesar de um par de momentos em que a dupla criativa ainda é avistada com acessos de demência passados para guitarras a braços com um esgotamento nervoso, o tom de "Noctourniquet" é o de desaceleração. O que não nos adianta muito. Mas este movimento é acompanhado do reforço de uma característica e da quebra de outra: enquanto há uma sugestão pop que deixa de ser feita apenas de resquícios e ganha uma maior consistência (altamente recomendável em "Empty Vessels Make the Loudest Sound"), dá-se um quase apagamento da obsessão de cavalgadas rítmicas e inconstantes que tornavam a música dos Mars Volta de uma fisicalidade perturbadora e de uma imprevisibilidade que era tão atraente quanto massacrante (elogio aplicável a "Frances the Mute" e "The Bedlam in Goliath"). Nisto tudo sobra uma convicção: apesar de não desiludirem, Bixler-Zavala e Rodriguez-Lopez parecem estar já a guardar as energias todas para os At the Drive-In.

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