Constâncio acredita que mercados estão receptivos se Portugal cumprir metas

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Constâncio também considerou que os bancos portugueses "resistiram bem" aos abalos recentes Foto: Rui Gaudêncio

O ex-governador do Banco de Portugal, que falava à Lusa em Washington, à margem das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional, afirmou ser “muito importante” que o cumprimento do programa de ajuda externa venha sendo sublinhado internacionalmente.

“Portugal aparece citado em muitos documentos oficiais ao lado dos países como a Irlanda, que estão a conseguir cumprir e, consequentemente, vão melhorar a sua situação perante os mercados”, disse Constâncio.

Sobre o regresso aos mercados em Setembro de 2013, conforme previsto, depende da continuação desde acerto com as metas do programa, mas também da conjuntura internacional. “Estas situações podem sempre evidentemente evoluir, mas de acordo com o cenário que está neste momento aceite pela troika, [o regresso aos mercados] é a expectativa geral”, adiantou.

A directora do FMI, Christine Lagarde, disse neste sábado não identificar quaisquer razões para ajustamentos ao programa de ajuda externa a Portugal, sublinhando que as metas têm sido cumpridas. “Não vejo razão alguma para quaisquer mudanças ao programa português”, disse a directora do FMI, também em Washington.

Já sobre os bancos portugueses, Constâncio também considerou que “resistiram bem” aos abalos recentes e não são motivo de preocupação para o regulador bancário europeu. “Os bancos portugueses resistiram bem à situação de crise, que também resultou da pressão sobre o soberano e a dívida soberana”, sublinhou o responsável..

A recente auditoria internacional às carteiras dos bancos portugueses e respectivas valorizações “não deu resultados negativos visíveis”, e veio mostrar que “tiveram a gestão adequada do risco de crédito neste período”, que foi de turbulência nos mercados financeiros, sublinha. “Isto foi muito importante porque revelou o cumprimento das regras em vigor e que a supervisão que foi feita nos últimos anos garantiu que as valorizações dos créditos estavam correctamente feitas nos balanços dos bancos”, adiantou Constâncio.

O ex-governador do Banco de Portugal afirmou que, apesar dos “desafios que resultam da situação geral da economia do país”, que está em recessão profunda, “não existem neste momento preocupações com bancos portugueses como existem com outros países”. Para Constâncio, as instituições bancárias portuguesas estão também bem preparadas para o chamado “exercício de recapitalização” europeu, a que estão obrigados até Junho deste ano.