Crónica: Jogo a sério

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O Benfica impôs-se ao FC Porto na meia-final da Taça da Liga Foto: Francisco Leong/AFP

O Benfica garantiu nesta terça-feira, pelo quarto ano consecutivo, a presença na final da Taça da Liga, depois de bater na Luz o FC Porto por 3-2. Um golo de Cardozo deu o triunfo aos “encarnados”, que começaram a ganhar e que, depois, conseguiram dar a volta ao resultado e vingaram a derrota sofrida para o campeonato há duas semanas por este resultado. Quinta-feira, Sp. Braga e Gil Vicente decidem quem será a outra equipa que estará na final, marcada para 14 de Abril, em Coimbra.

Muito falaram antes do jogo os treinadores sobre quem é que levaria menos a sério esta meia-final da Taça da Liga, prova desenhada para que os “grandes” cheguem sempre à fase decisiva. Tanto Jesus como Vítor Pereira assumiram o campeonato, em que as equipas estão separadas por um ponto, como prioridade, e disseram que não iriam ter os seus melhores recursos humanos em campo. Poupar para outras lutas foi mesmo o que os dois técnicos fizeram, com várias mudanças, muitas delas esperadas (os guarda-redes, por exemplo), outras surpreendentes, como Kléber, Sapunaru e Alex Sandro no FC Porto, ou Nolito e Capdevila no Benfica.

Se o jogo não era para levar a sério, ninguém o disse a estes titulares/suplentes que formaram as duas equipas. E desde o primeiro minuto se percebeu que o jogo iria ter a mesma intensidade de outros duelos com mais coisas em jogo.

Entrou melhor o Benfica, que deu o primeiro sinal de perigo logo aos 3’, em que Bruno César falha o remate na pequena área quando tinha tudo para fazer o golo. Este, poré, chegaria no minuto seguinte — Witsel combina bem com Bruno César e o brasileiro deixa em Maxi Pereira, que aparece em velocidade e não dá hipóteses a Bracali.

Foram quatro minutos muito intensos por parte do Benfica, tão intensos que os “encarnados” resolveram descansar nos 25 minutos seguintes. E, nesse período, só deu FC Porto, que empatou aos 8’, por Lucho, que concluiu um extraordinário jogada de Hulk pelo flanco direito em que o brasileiro fez o que quis de Capdevila. Lucho recebeu a bola à entrada da área e rematou, com o esférico ainda a bater nas costas de um jogador “encarnado”, enganando assim Eduardo.

Dois golos em oito minutos. Nada mau para um jogo que não era uma prioridade para ninguém. Criando superioridade numérica nas alas, o FC Porto foi justificando uma vantagem que durou pouco a aparecer. Minuto 17’, livre cobrado por João Moutinho, bola na área do Benfica e Mangala ganha nas alturas aos centrais “encarnados”.

Os portistas continuaram a carregar e podiam ter marcado mais, mas os remates de Lucho (18’), Hulk (21’) e Sapunaru (29’) não tiveram a melhor direcção.

Depois o Benfica acordou. Bastou um livre marcado por Aimar aos 33’. Luisão fez uso da sua altura e cabeceou à trave. Na recarga, o central brasileiro acertou no poste, o mesmo que devolveria aos 37’ um livre de Aimar. Mas o empate aconteceria pouco antes de se chegar ao intervalo. Mais uma bola parada, com a bola a chegar a Javi García, que assiste Nolito. O espanhol não desperdiçou e empatou o jogo (2-2).

Na segunda parte, em fase de equilíbrio, os treinadores resolveram utilizar as suas melhores armas, Janko e James no FC Porto, e Gaitán e Cardozo no Benfica. Ganhou a aposta Jorge Jesus, já que os “encarnados” voltaram a ficar por cima na partida, com os portistas a perderem alguma acutilância nos flancos e o controlo do meio-campo — James não tem a mesma presença de Lucho e Javi García conseguiu respirar melhor.

Numa altura em que parecia haver mais gestão que vontade de evitar os penáltis, foram os protagonistas habituais a resolver um jogo de suplentes. Gaitán faz o passe para Cardozo e o paraguaio, que não é dos jogadores mais móveis do mundo, bate em velocidade o mais ágil Mangala e faz o 3-2, que qualificaria o Benfica para a sua quarta final consecutiva de uma competição que já venceu por três vezes. O campeonato segue dentro de momentos.

POSITIVONolito

Marcou o golo do empate e, mesmo sem tomar sempre as melhores decisões, é uma fonte de energia constante.


Hulk

Não marcou, mas fez o passe para o golo de Lucho. Foi o maior perigo portista à baliza benfiquista e, a partir de uma certa altura, o único.


NEGATIVOCapdevila

Desde a saída de Fábio Coentrão que o lugar de lateral-esquerdo é o ponto fraco do Benfica. Ontem, Jesus deu mais uma oportunidade a Capdevila e o espanhol foi uma presa fácil para Hulk e Sapunaru.


Mangala

Marcou num grande cabeceamento, mas deitou tudo a perder ao deixar fugir Cardozo no 3-2.


A FIGURA: CARDOZO

Cardozo


Quando Óscar Cardozo marca golos, geralmente são, ou grandes remates com o seu fabuloso pé esquerdo ou de cabeça, aproveitando a sua altura, mas é raro que o paraguaio marque num lance de contra-ataque — ele não é dado a grandes correrias e esse é um defeito que muitas vezes lhe apontam. Foi o que fez, batendo em velocidade o francês Mangala após passe de Gaitán, que foi suplente no jogo, tal como o paraguaio. Foi o sétimo golo de Cardozo ao FC Porto, ele que já tinha marcado dois no anterior confronto entre as duas equipas. Numa altura em que se fala muito da ascensão do jovem Nélson Oliveira na hierarquia de avançados do Benfica (e justamente, já que o jovem português tem enorme qualidade), é Cardozo, avançado que nunca foi consensual entre os adeptos, aquele em quem Jesus mais pode confiar para resolver um jogo difícil. Ontem, como já aconteceu tantas outras vezes, foi o que aconteceu.


Ficha de Jogo

Benfica, 3


FC Porto, 2


Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa
Assistência 28.533 espectadores


Benfica

Eduardo, Maxi Pereira, Luisão l75’, Jardel, Capdevila l88’, Javi Garcia l70’, Witsel l79’, Bruno Cesar (Gaitan, 56’), Nolito l88’, Aimar (Saviola, 72’) e Nelson Oliveira (Cardozo, 65’). Treinador Jorge Jesus


FC Porto

Bracali, Sapunaru, Rolando, Mangala l41’, Alex Sandro l23’ (Iturbe, 85’), Defour, Lucho Gonzalez (James Rodríguez, 63’), João Moutinho, Álvaro Pereira l90+1’, Hulk e Kleber (Janko, 72’).Treinador Vítor Pereira

Árbitro

Artur Soares Dias, do Porto.

Amarelos

Alex Sandro (23’), Mangala (41’), Javi Garcia (70’), Luisão (75’), Witsel (79’), Capdevila (88’), Álvaro Pereira (90+1’).

Golos

Maxi Pereira, 4’; Lucho, 8’; Mangala, 17’; Nolito, 42’ e Cardozo, 77’ 


Notícia actualizada às 23h55
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