Aos 80 anos, João Gilberto, fundador da Bossa Nova, lança-se numa digressão

É o grande mito vivo da música brasileira. Inspirou meio mundo, da Bahia a Berlim, de Tóquio a Nova Iorque. Vive de noite, não sai de casa, passa 12 horas a tocar violão e nunca dá entrevistas. Mas foi pai aos 73 e agora, aos 80, vai fazer uma digressão. Alexandra Lucas Coelho falou com quem rodeou e rodeia João Gilberto, do biógrafo da Bossa Nova e do Rio de Janeiro à ex-mulher. E de caminho tocou-lhe à campainha.

Correm muitas histórias extravagantes sobre João Gilberto. Que ele é visto em noites de chuva com um capote. Que quem lhe leva comida nunca lhe vê a cara. Quanto à digressão, “tudo vai ser feito como ele quer.” Ele escolheu as cidades, a produtora propôs salas “a partir de premissas como a melhor acústica e o contacto com o público”, diz o produtor Maurício Pessoa.

O inventor da Bossa Nova, João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira, um dos vários filhos de seu Juvenino e dona Patu, lá em Juazeiro, cidadezinha de 10 mil habitantes com ruas de terra, cresceu a ouvir a voz do esplêndido Orlando Silva, três vezes ao dia num altifalante de rua, entre anúncios e Duke Ellington, missa e Carmen Miranda. Nesse tempo, a capital do Brasil era mesmo o Rio, e esse tempo era o dos clubes de fãs de Dick Farney e Frank Sinatra. Uma das bandas-promessa, Os Garotos da Lua, tinha despedido o seu crooner por cantar baixinho, e alguém que tinha ido a Salvador falou de um rapaz que “cantava feito a peste”. Difícil imaginar João a cantar feito a peste, mas João ainda não era João. E a Bossa Nova só aconteceria com João.

Outros destaques que podem ser lidos na revista Pública, nas bancas com o jornal PÚBLICO de domingo e na edição “online” para assinantes:

- Começa a corrida à vela Volvo Ocean Race, na qual seis equipas concorrem e passarão por Portugal em Junho de 2012. A Volvo Ocean Race é uma volta ao globo - ou uma viagem aos limites do ser humano? Victor Oliveira Ferreira foi a Newport falar com o surfista de ondas gigantes Laird Hamilton, conselheiro da prova, sobre alimentação no mar e com os velejadores da corrida sobre o que envolve esta circum-navegação (da publicidade até aos muitos enjoos). E ainda pediu ajuda aos velejadores portugueses Francisco Lobato e João Rodrigues para saber mais sobre longas estadias no mar aberto e imprevisível.

- Ela viveu com os Peanuts, acarinhou Snoopy, reconheceu Charlie Brown e brincou com Lucy. Jean Schulz, a viúva do criador dos Peanuts, conta a Mário Lopes as histórias por trás das personagens de Charles M. Schulz. Porque elas eram ele. Cada personagem era um pedaço de Charles e mesmo umas pitadas de Jean. Do ringue de gelo que construiu para Snoopy às primeiras inspirações na BD do início do século XX, falar com Jean Schulz é conhecer o criador de um mundo que enaltecia a graça das pessoas enquanto, com igual graça, lhe apontava as falhas. O Amadora BD 2011 celebra-o.

- Ana Brasil foi ao Portugal Fashion para conversar com Miguel Flor, professor e designer mas também o coordenador do Espaço Bloom de novos talentos do evento de moda. E ele sabe bem o seu papel: “Se isto fosse arte clássica, eu seria o curador”, disse à Pública. No 29.ª Portugal Fashion, há uma semana, Flor ajudou a traçar o rumo do futuro da moda portuguesa com a sua selecção de jovens criadores.

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