Banco público de gâmetas procura dadores de esperma e ovócitos e desafia estudantes

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Banco faz campanha de divulgação junto de estudantes universitários Foto: Nelson Garrido

O banco público de gâmetas, instalado na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, está, desde Maio deste ano, de portas abertas para receber as dádivas de homens e mulheres que queiram ajudar os casais portugueses impossibilitados de ter filhos. Após a fase inicial de arranque, que resultou em três dezenas de dadores de esperma e uma dezena de mulheres disponíveis para a doação de ovócitos, a estrutura prepara-se agora para lançar uma campanha de divulgação com um público-alvo específico: os estudantes universitários.

O desafio à doação estende-se, no entanto, a todos os candidatos saudáveis entre os 18 e os 40 anos (no caso dos homens) e os 35 anos (para as mulheres), e dá direito a uma compensação financeira.

Há uma sala para a criopreservação e armazenamento do material que, na porta, merece o título de "flocos de neve" e, paredes meias, uma pequena sala com dois sofás, uma televisão com DVD e um quarto de banho que acolhe os dadores no momento da colheita.

No pavilhão vizinho está instalado o laboratório onde as duas embriologistas avaliam a qualidade das dádivas e procedem à manipulação dos gâmetas, segundo explica a bióloga Alice Pinto. O rigoroso processo de selecção de possíveis dadores é complexo para homens e mulheres. Há uma série de exames e análises que são obrigatórios e é ainda preciso passar numa "avaliação da qualidade" da dádiva. Os homens, por exemplo, são considerados dadores provisórios até terem passado seis meses da colheita das sete dádivas previstas. Aliás, só nessa altura o esperma doado poderá ser utilizado em técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA).

50 casais à espera

Sem avançar com números, Isabel Sousa Pereira, directora do banco público, refere que a expectativa é conseguir, até final de 2012, recrutar dadores suficientes para responder às necessidades do centro de PMA ali instalado. "Actualmente teremos cerca de 30 casais à espera de ovócitos e 20 à espera de esperma", adianta, admitindo que a maternidade continua ainda a comprar gâmetas a Espanha. Porém, o objectivo final é que o banco público seja capaz de responder às necessidades do país, frisa Serafim Guimarães, director da maternidade inserida no Centro Hospitalar do Porto.

Para aumentar as hipóteses disso acontecer mais rapidamente está a ser preparada uma campanha de marketing nas universidades para angariar candidatos. "Será aqui que encontramos um dos públicos-alvo que nos interessam, jovens saudáveis", refere o responsável da maternidade, acrescentando que a campanha esperou pelo fim do período de férias dos universitários e deverá arrancar "muito em breve".

Em panfletos, cartazes e outras estratégias de divulgação vai surgir o contacto do banco de gâmetas aberto a todos os interessados em ajudar os casais inférteis. O contacto com a garantia de total anonimato pode ser feito por telefone (915676551) ou por email (bancodegametas@chporto.min-saude.pt), mas deverá ser estabelecido apenas de segunda a quinta-feira entre as 14h30 e as 17h30, assegurando-se horários que impedem que os potenciais dadores possam alguma vez cruzar-se nas instalações com possíveis receptores.

Os homens recebem uma compensação de 278 euros por sete dádivas e as mulheres recebem 620 euros por três dádivas. A diferença do valor da compensação (calculado com base ao indexante de apoios sociais) justifica-se com o facto de as mulheres terem de se sujeitar a um procedimento mais invasivo, que envolve tratamentos para a estimulação ovárica e possíveis efeitos secundários. Porém, para os responsáveis pelo banco público de gâmetas, não é o valor da compensação - que só é paga totalmente no final do processo de dádiva - que pretende convencer eventuais candidatos, mas antes a oportunidade de participar numa doação solidária.

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