"Ulisses" de James Joyce pode ser lido no Twitter

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No dia 16 de Junho celebra-se na Irlanda a obra de James Joyce DR

O que para Portugal é um dia normal, na Irlanda é um dia dedicado à literatura. Hoje, 16 de Junho, marca-se o conhecido Bloomsday, uma comemoração anual de homenagem ao clássico “Ulisses” de James Joyce. À excepção da religião que celebra a bíblia, este é único dia no mundo dedicado apenas a um livro literário.

Neste dia, nas ruas de Dublin respira-se literatura, onde são promovidos vários encontros de leitura e onde são lidos em público vários excertos da obra. Na verdade, é em Dublin que tudo acontece. “Ulisses” retrata um dia na cidade irlandesa, mais precisamente o dia 16 de Junho de 1904, na vida de Leopold Bloom, um homem comum que carrega em si um turbilhão de pensamentos e sentimentos. É uma sátira.

Durante décadas, os amantes de Joyce juntavam-se, à boa maneira irlandesa nos típicos pubs acompanhados de uma Guiness, em grandes maratonas de leituras da obra. Este ano, quiseram inovar, juntaram-se às novas tecnologias e “Ulisses” será também celebrado no Twitter.

A ideia partiu de Stephen Cole, um aficionado de James Joyce, que em conjunto com um grupo voluntario de entusiastas vai transformar o livro de 800 páginas em pequenas mensagens de 140 caracteres no Twitter.

Para este projecto, Stephen Cole organizou o “Ulysses Meets Twitter”, dividindo a obra em 96 secções, uma para cada voluntário que ficará encarregue de publicar em pequenas mensagens a cada 15 minutos do dia, permitindo que ao longo das 24 horas a obra chegue aos internautas.

“Aquilo que eu escolhi tentar fazer foi escolher as palavras e frases que as pessoas mais gostam”, disse Cole à rádio NPR, explicando que não significa isso que a narrativa de Joyce se perca. “Queremos pôr bastante da sua narrativa, passando o sentido de onde é que ele está e o que vai fazer.”

O mentor da ideia, explicou que a forma como os excertos serão publicados no Twitter ficarão à responsabilidade de cada voluntário. “Poderão usar exactamente as mesmas palavras ou não.”

Se por vezes a história não fizer sentido, Stephen Cole garante que é normal e não há problema. “Joyce também não tinha muito no livro que permitisse ao leitor saber o que estava a acontecer. O Twitter funciona assim. Está dividido em pequenos pedaços e é difícil colocá-los todos juntos. Mas grande parte de “Ulisses” foi escrita desta forma”, atesta.

No entanto, Stephen Cole assume que se James Joyce fosse vivo, talvez não gostasse desta ideia. “Eu acho que ele gostou mesmo mesmo do que escreveu em cada página de “Ulisses”. Uma adaptação disso, que é o que estamos a fazer, ele provavelmente não entenderia porquê.”

A história já começou a ser contada e por ser seguida aqui.

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