Sistemas de saúde têm de se adaptar à "epidemia" das doenças crónicas, defende Francisco George

O director-geral da Saúde, Francisco George, defendeu hoje a necessidade de os sistemas de saúde se adaptarem ao envelhecimento da população, sobretudo à “epidemia” das doenças crónicas, que são “um problema de grande preocupação”.

“Os sistemas de saúde têm de ser flexíveis e de se adaptarem à estrutura etária da população”, marcada pelo “fenómeno do envelhecimento”, e à “epidemia das doenças crónicas”, associadas à idade avançada, disse Francisco George, nas primeiras Jornadas de Enfermagem Comunitária, que decorrem hoje e na sexta-feira em Beja.

Portugal “está perante um fenómeno de duplo envelhecimento, porque há menos crianças a nascer e mais população idosa”, lembrou, referindo que, “na média geral do país, 18 em cada 100 portugueses têm 65 ou mais anos”.

No interior do país, “um em cada quatro portugueses é idoso” e “em alguns concelhos, sobretudo da Beira interior, metade da população é idosa”, acrescentou.

Em Portugal, no ano de 2009, o saldo fisiológico, que resulta da diferença entre nascimentos e mortes, “foi negativo”, já que “morreram 105 mil portugueses e nasceram menos de 100 mil”, lembrou.

“Temos de adaptar os sistemas de saúde ao problema do envelhecimento da população”, defendeu, frisando que “o trabalho dos profissionais de saúde visa sobretudo prolongar a vida dos cidadãos”, o que leva a “um outro fenómeno: o do aumento significativo da esperança de vida”.

Segundo Francisco George, “o prolongamento da vida dos portugueses tem consequências ao nível da emergência de doenças que não existiam ou não eram motivo de preocupação, porque surgem nas décadas da vida mais avançadas, como as doenças crónicas, que constituem um problema de grande preocupação”, frisou.

“As doenças do passado não são as doenças de hoje. Os sistemas de saúde têm de ter flexibilidade para responderem em função do envelhecimento da população, mas também do padrão de morbilidade, que não é sempre o mesmo”, disse.

Actualmente, “o nosso problema está relacionado com a epidemia das doenças crónicas”, como a hipertensão arterial, a diabetes, a obesidade e as doenças oncológicas, cujas taxas de crescimento “temos que reduzir”, sublinhou.

As doenças crónicas, frisou, “podem ser evitadas” e “têm um denominador comum: são influenciadas por seis classes de riscos”, ou seja, os erros alimentares, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, acesso aos serviços de saúde e iliteracia dos cidadãos.

“É preciso reduzir estes riscos e transmitir informações aos cidadãos, para potenciar os conhecimentos no domínio da evitabilidade das doenças crónicas”, defendeu Francisco George.

Neste sentido, disse, a Direcção-geral da Saúde está a produzir três tipos de “cartilhas de literacia da saúde”, para serem distribuídas por crianças em idade escolar, jovens e adultos e com o objectivo de “aumentar as informações dos cidadãos sobre a evitabilidade das doenças crónicas”.

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