O regresso dos autocarros de dois pisos (double-decker) à cidade do Porto, prevista para Agosto, está ainda dependente da homologação das viaturas que a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) adquiriu à empresa alemã MAN.

O processo de legalização das viaturas pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres sofreu al- guns contratempos, relacionados com a interpretação de um normativo comunitário, mas, de acordo com Jorge Freire, da administração da STCP, prevê-se que o problema possa estar desbloqueado "até ao Verão", não comprometendo o prazo previsto para a entrada em operação das quinze viaturas adquiridas.

A STCP, recorde-se, lançou no ano passado um concurso público internacional para a aquisição de vinte autocarros articulados e de quinze autocarros de dois pisos. A MAN foi a empresa escolhida para fornecer as viaturas que irão assinalar o regresso às ruas portuguesas das carreiras urbanas de passageiros dos veículos double-decker, normalmente associados às paisagens urbanas britânicas.

Os autocarros de dois pisos custam, cada um, 395 mil euros e ainda não começaram a ser fornecidos à STCP, mas o PÚBLICO apurou que a sua homologação em Portugal, da responsabilidade da MAN, colidiu com a legislação em vigor. Segundo Jorge Freire, o problema surgido resulta apenas de uma disparidade resultante da transposição para a lei portuguesa dos normativos comunitários que regem o sector. O lapso estará relacionado com uma pequena diferença nas dimensões inscritas no regulamento português, mas a STCP tem informações segundo as quais a transposição dessas normas será revista, permitindo a homologação dos double-decker da MAN e a sua entrada em operação, tal como sucede, por exemplo, na Alemanha, de onde são originárias as carroçarias. "Tudo vai ficar resolvido e, estou convencido, até antes do tempo previsto", acredita o administrador.

De acordo com Jorge Freire, o regresso dos autocarros de dois pisos ao Porto está relacionado com o facto de estas viaturas terem 91 lugares sentados, o dobro dos veículos normais, o que permite aumentar o conforto para os passageiros que viajam num conjunto de carreiras muito longas e cujos utentes normalmente fazem todo o percurso. "É um passo de que nos orgulhamos. Queremos que o regresso destes autocarros às ruas do Porto seja uma festa, uma vez que se trata de uma estreia nacional", disse o administrador.

Após a entrega dos autocarros à STCP, as viaturas terão ainda que passar por um processo de montagem de uma série de equipamentos que não são fornecidos na carroçaria original, entre os quais se incluem os sistemas de validação dos títulos de transporte e as câmaras de videovigilância. Só depois as viaturas deverão entrar em operação, o que, segundo Jorge Freire, deverá acontecer em Agosto, tal como estava previsto. Antes disso, entrarão em funções os vinte novos autocarros articulados adquiridos à Auto Sueco.