Guimarães promete não repetir os erros do Porto na Capital da Cultura de 2012

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Cristina Azevedo e Correia Fernandes abriram Fernando Veludo/NFactos

A Fundação Cidade de Guimarães, que lidera a organização da capital da cultura naquela cidade em 2012, promete estar atenta e não repetir os erros da Porto 2001.

Na primeira sessão do ciclo Olhares Cruzados sobre o Porto, que na quinta-feira debateu o papel e a importância das capitais europeias da cultura para o desenvolvimento das cidades, Rui Vilar, a quem coube fazer a apresentação do tema, deixou no ar o contexto no qual se produziram alguns dos problemas do Porto que Guimarães diz agora querer evitar. "Houve um desajustamento entre a ambição legítima de responder a muitos problemas, a organização e os meios para a satisfazer", disse. Apesar dessa ambição revelar uma atitude "muito humana", o balanço final do projecto ficou sempre comprometido entre o que se quis e o que de facto se fez.

Guimarães parte para a sua experiência com outros trunfos e mais cautelas. Cristina Azevedo, presidente da Fundação Cidade de Guimarães, recordou que as políticas municipais supriram já muitas das carências em termos de reabilitação urbana, como o comprova o facto de o centro histórico ter sido declarado Património Mundial. Por outro lado, "tem havido uma enorme estabilidade da política cultural", que tornou Guimarães num dos principais pólos culturais do Norte. Mas se estas são condições prévias para o seu optimismo (uma terceira é o facto de "não ser necessário fazer esforços para que a cidade esteja na cabeça dos portugueses"), a estratégia da fundação segue de perto a experiência do Porto e evita o que correu mal. Assim, a reabilitação urbana permanecerá nas mãos da autarquia de modo a evitar conflitos institucionais e a programação será apontada no sentido de se garantir a "fixação de talentos e da promoção do desenvolvimento", explicou Cristina Azevedo.

Falando na qualidade de vereador do PS na Câmara do Porto e de ex-administrador da Porto 2001 com o pelouro da reabilitação, Manuel Correia Fernandes questiona a visão da capital da cultura como "uma pesada herança", lembrando que a sua repercussão foi influenciada pela mudança do poder político municipal, nas eleições de 2002. "Houve um terramoto, mas depois não houve réplicas", explica. E esse abalo é medido pela Casa da Música, pela recuperação de outros espaços culturais ou, como recordou Luísa Bessa, moderadora do debate, pela realização de 200 eventos que movimentaram 1,3 milhões de pessoas.

No final do debate, ficou clara a tentativa de Guimarães evitar os conflitos institucionais e de seguir um modelo de gestão vocacionado para garantir "que não haja apenas festa, mas também desenvolvimento", como prometeu Cristina Azevedo. Para este objectivo, até o conceito de programador cultural foi ajustado: "Não deverá ser um mero agenciador de espectáculos, mas alguém que desenvolva o seu trabalho de criação em Guimarães, envolvendo pessoas e recursos de Guimarães".

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