Pio XII, entre a conivência e a salvação de judeus

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Ultimamente, têm vindo a lume vários argumentos a favor do Papa Pacelli. DR

Há quem critique o seu alegado silêncio, há quem peça que ele seja considerado "justo entre as nações" - ou seja, alguém que ajudou a salvar judeus e tem, por isso, direito a uma árvore com o seu nome no Memorial do Holocausto, em Jerusalém. Entre as duas posições se tem feito o debate sobre o papel do Papa Pio XII durante a II Guerra Mundial.

Ultimamente, têm vindo a lume vários argumentos a favor do Papa Pacelli. O director do Memorial do Holocausto, em Jerusalém, recebeu em Maio, dias antes da visita do Papa Bento XVI à Terra Santa, documentos que poderiam alterar a imagem de um Pio XII silencioso sobre o Holocausto.

Citado na ocasião pela AFP, Avner Shalev referiu ordens do Papa a um convento para acolher judeus perseguidos. "Se um ou dois destes documentos virem a luz do dia", isso poderá levar a uma "profunda mudança da nossa percepção" do papel de Pio XII, afirmou o responsável.

As ordens de Pio XII para acolher judeus não se terão limitado a um caso isolado. Em 2006, num congresso de historiadores, em Roma, foi apresentada documentação segundo a qual pelo menos 4300 pessoas foram salvas em 133 casas religiosas católicas, obedecendo a ordens directas do Papa. "A Santa Sé encorajou o acolhimento dos judeus e a maioria das casas religiosas abriu as portas de par em par", afirmou a religiosa e historiadora Grazia Lopaco.

Em Setembro deste ano, foi o presidente da Fundação Pave the Way, Garry Lewis Krupp, que defendeu que Pio XII deveria ser reconhecido como "justo entre as nações". Para esta fundação norte-americana, especializada na promoção da paz e no diálogo inter-religioso, há muitos documentos que provam que Pio XII teve um papel decisivo na salvação de muitos judeus (alguns estão disponíveis no site da Pave the Way, http://www.ptwf.org/index.htm).

Em Outubro, a mesma fundação noticiou terem sido descobertos na Alemanha documentos que demonstram que, desde Setembro de 1939, os bispos católicos alemães tinham excomungado o Partido Nazi e os católicos que a ele aderissem.

Um dos documentos é da diocese de Mogúncia: era "proibido a qualquer católico inscrever-se nas filas do Partido Nacional-Socialista de Hitler", diz o texto, encontrado por Michael Hesemann, colaborador daquela fundação.

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