Isabel Alçada é "companheira de aventuras" de muitos professores

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Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães são autoras dos mais de 50 livros da colecção Uma Aventura Daniel Rocha

Eunice Pimentel, professora de Português, demora uns segundos a procurar o termo certo para descrever o sentimento que a nova ministra da Educação lhe desperta. Até que solta: "Ternura" - e dá uma gargalhadinha de espanto.

"Pode parecer estranho, mas é mesmo assim", diz, explicando que, "para a geração de professores mais jovens", Isabel Alçada tem um currículo diferente do oficial e "responsabilidades acrescidas": "O que eu viajei com ela por esse país fora!".

Eunice cresceu muito desde o último encontro com Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, autoras dos mais de 50 livros da colecção Uma Aventura, que a Caminho publica há 27 anos e que já vendeu oito milhões de exemplares. Mas, apesar de ser as-sim, crescida, e de ela própria dar aulas na Secundária Joaquim de Carvalho, na Figueira da Foz, Eunice ainda sente "um arrepio de emoção da noite passada debaixo de uma ponte romana", há uns 20 anos.

"Qual seria o livro, em concreto?... Não me lembro, mas era capaz de descrever a ponte", comenta. Está a explicar como os livros a marcaram e à sua geração e porque considera isso tão "decisivo", "numa altura em que os professores se sentem amachucados e injustiçados". "A Isabel Alçada que eu conheço, por quem sinto a tal ternura, não sabe apenas contar histórias. Também transmite valores: da amizade, da entreajuda, da justiça, do diálogo", enumera, dizendo querer "muito acreditar que ela os vai pôr em prática".

Ana Sofia Costa, de 32 anos, sua colega de escola, não está tão desgostosa com a política educativa. Ainda assim, ficou "encantada" com a ideia de ter como ministra da sua área a pessoa que a levou "pela primeira vez à cidade". "A sério, eu cresci numa aldeia, perto de Soure, e saí de lá as primeiras vezes, vi abrirem-se os horizontes, com os livros da colecção Uma Aventura", conta.

O que os docentes souberam agora sobre o currículo oficial de Isabel Alçada é um mero acrescento ao que dela "conheciam" como leitores: "Só pode ser uma mulher criativa, atenta, dialogante, de confiança", descreve Ana Sofia Costa. "Imagino-a uma escuteira crescida, uma adulta com alma de criança", continua Catarina Valente, de 28 anos, professora de Música em Santarém. E a sua colega de escola Carla Oliveira, que dá aulas de Matemática e de Ciências, não destoa: "Tem de ser uma aventureira, acessível, de espírito aberto e com capacidade de diálogo".

Diz Carla Oliveira, de 36 anos, que quando ouviu a notícia teve "dificuldade em acreditar": "Como é que a pessoa que escreveu os "meus" livros é a ministra da Educação!?". Passada a surpresa, diz-se "ansiosa": "Estou eu e estão os colegas da minha geração e mais novos. Ela influenciou-nos muito, ajudou a formar-nos, só espero que não nos desiluda".

Na Secundária de Paredes de Coura, Sandra Soares, de 30 anos, professora bibliotecária, está menos preocupada. Pensa que "uma escritora sensível como Isabel Alçada vai ouvir os professores". Uma opinião partilhada por Ana Paula Almeida, docente de Educação Visual em Vila Nova de Poiares, que comenta: "E se ela tem trabalho a fazer!..."

"Demasiado trabalho", confirma Bruno Cerqueira, de 33 anos, lembrando que, afinal, "a política do Go-verno é a mesma". Professor de Informática em Paredes de Coura, prefere, por isso, esperar que "saia o volume desta nova aventura no Ministério da Educação".

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