José Sócrates diz que Presidente da República está "acima da disputa eleitoral"

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Sócrates diz acreditar que Cavaco Silva "não se deixará instrumentalizar em favor de ninguém" Daniel Rocha

"O Presidente da República tem procurado e tem feito tudo o que deve fazer para ser completamente independente nesta campanha eleitoral. E tenho a certeza que não se deixará instrumentalizar em favor de ninguém. Eu tenho utilizado esta expressão, que é uma expressão clássica - nesta campanha eleitoral cada um pedala a sua bicicleta. O Presidente da República está acima, e bem, desta disputa eleitoral", disse José Sócrates em entrevista à TSF.

As declarações do chefe de Executivo seguem-se à manchete de hoje do “Diário de Notícias”, segundo a qual o assessor do Presidente da República Fernando Lima foi a fonte do PÚBLICO nas notícias que saíram na edição de 18 de Agosto, já em pré-campanha eleitoral, de que Cavaco Silva suspeitava estar a ser espiado pelo Governo liderado por José Sócrates.

Essa suspeita foi formulada a propósito de críticas do PS quanto à alegada participação de assessores de Cavaco Silva na elaboração do programa eleitoral do PSD. Na notícia do PÚBLICO, uma fonte de Belém questionava a forma como os socialistas poderiam saber dessa participação: "Como é que os dirigentes do PS sabem o que fazem, ou não fazem, os assessores do Presidente? Será que estão a ser observados, vigiados? Estamos sob escuta, ou há alguém na Presidência a passar informações? Será que Belém está sob vigilância?".

Depois da notícia do PÚBLICO, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, adiantou o nome de Fernando Lima como a fonte da notícia do diário em entrevista à SIC.

Foi na sequência desta manchete que o PÚBLICO noticiou que as alegadas suspeitas de Cavaco Silva quanto a uma vigilância do Governo remontavam à visita do Presidente à Madeira em 2008, na qual teria sido observado um comportamento suspeito por parte de um assessor governamental, Rui Paulo Figueiredo.

Hoje, o “Diário de Notícias” publica uma alegada mensagem de correio electrónico entre o jornalista do PÚBLICO Luciano Alvarez e o correspondente da Madeira, Tolentino de Nóbrega, com instruções para seguir pistas fornecidas por Fernando Lima quanto a essa suspeita, supostamente por ordem directa de Cavaco Silva.

Rui Paulo Figueiredo, que actualmente trabalha em S. Bento, foi assessor no Ministério da Administração Interna, tendo desempenhado funções de vereador na Câmara de Lisboa, eleito pelo PS, no mandato anterior. Tem vários livros publicados, entre os quais o título "Aníbal Cavaco Silva e o PSD - 1985-1995", a sua tese de mestrado em Ciência Política.

Rui Paulo Figueiredo desmentiu posteriormente qualquer comportamento irregular, salientando que esteve "oficialmente" em todos os actos em que acompanhou a visita do PR à Madeira. "O meu nome constava no livro oficial da visita elaborado pela Presidência da República".