Ordem dos Médicos condena forma "desumana" com foi tratada criança com suspeita de gripe A

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Caso da criança acabou por se revelar gripe comum Reuters

A situação terá ocorrido no Centro de Saúde de Boticas e na posterior transferência para o Hospital de São João, no Porto, de uma criança com febre. A OM diz que se terá tratado de "uma atitude defensiva de pânico e excesso de zelo, perante a perspectiva de se tratar de um caso de gripe A". "Os médicos e restantes profissionais de saúde, quando escolhem a sua profissão, aceitam implicitamente os riscos a ela inerentes, pelo que o seu direito e dever de tomar medidas de protecção pessoal não pode acarretar qualquer tipo de actuação desumana para com os doentes a seu cargo, por maioria de razão se forem crianças", lê-se. A ordem explica que se trata de "uma doença pouco grave e similar, nas suas manifestações clínicas, às banais gripes".
Por sua vez, o director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Tâmega e Barroso, Nuno Vaz, disse à Agência Lusa que a actuação dos profissionais do centro de saúde de Boticas foi feita de acordo com o plano de contingência da Gripe A H1N1.
O pai da menina de 10 anos, Paulo Limões, explicou à Lusa que, perante os sintomas de febre alta que a menor apresentava, resolveu ir pedir uma consulta ao centro de saúde de Boticas na quarta-feira.
No entanto, segundo referiu, mesmo sem sintomas de vómitos ou dores no corpo mas porque tinham chegado recentemente de França, os profissionais do centro de saúde entregaram-lhes logo umas máscaras para colocar na cara e foram encaminhados para uma sala, onde permaneceram isolados por várias horas.
Paulo Limões disse ainda que o médico atendeu a menina a "quatro ou cinco metros" de distância, e, sem se aproximar, considerou tratar-se de uma suspeita de Gripe A.
De Boticas, pai e filha foram transportados para o Hospital de São João no Porto, onde, segundo referiu, foram sujeitos ao "mesmo tratamento desumano".
"Meteram-nos numa sala de rastreio durante muitas horas, sem ninguém nos vir ver, sem nos darem explicações. A menina pedia comida e para ir à casa de banho, mas não nos deixaram sair daquela sala durante mais de 10 horas", salientou.
O progenitor disse não entender a forma "alarmista" como foram tratados. À criança acabou por ser diagnosticada uma simples gripe. Nuno Vaz referiu que em Boticas a criança e o pai foram levados para uma sala de isolamento cumprindo o plano de contingência da doença, tendo os profissionais daquele centro de saúde, segundo frisou, tomado as medidas de prevenção de contágio adequadas.
"Não houve violação das regras", frisou.
Acrescentou que a menina foi levada para uma sala com casa de banho e recebeu comida.
A administração do Hospital de São João já mandou averiguar o que se terá passado.

notícia actualizada às 20h57
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