Iraque: Aznar diz voltaria a fazer o mesmo e que Cimeira Lajes foi "muito intensa"

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Os iraquianos vivem uma situação que, sem ser idílica, é realmente muito boa, disse Aznar à BBC Andrea Comas/Reuters

O ex-chefe do Governo espanhol José Maria Aznar considera que "o mundo está melhor sem Saddam Hussein" e defende a importância da cimeira das Lajes, Açores, que há cinco anos desencadeou a intervenção militar no Iraque, liderada pelos EUA.

Em entrevista à BBC, Aznar quebrou o silêncio e falou da chamada "Cimeira da Guerra" no Iraque que protagonizou, fez domingo cinco anos, juntamente com o Presidente norte-americano, George W. Bush, e os então primeiros-ministros do Reino Unido e de Portugal, Tony Blair e Durão Barroso, ambos actualmente a desempenhar funções internacionais relevantes.

O antecessor de Mariano Rajoy na liderança do Partido Popular (PP) espanhol (centro-direita) recorda a reunião decisiva, que decorreu a 16 de Março de 2003, na base militar portuguesa da Lajes, ao serviço dos EUA, qualificando-a de cimeira "com especial intensidade".

"Foi uma reunião curta e tranquila, mas vivida com especial intensidade", porque era "um momento de grande transcendência para o mundo", declarou Jose Maria Aznar na entrevista.

A propósito do quinto aniversário do início da invasão do Iraque por uma coligação militar internacional liderada pelos EUA e pelo Reino Unido, com o apoio declarado e ostensivo, desde o início, dos governos de então de Espanha e de Portugal, Aznar considera que, actualmente, os iraquianos vivem uma situação que, "sem ser idílica, é realmente muito boa".

Para Aznar, os iraquianos têm uma vida "menos difícil do que na época de Saddam Hussein e o mundo está melhor sem Saddam".

Questionado sobre se se arrepende de ter participado na cimeira dos Açores, o ex-líder espanhol afirmou não ter a mínima dúvida de que faria hoje exactamente o mesmo que há cinco anos.

"Actuaria da mesma maneira. Apesar de ter sido um momento difícil para mim, a minha consciência e a minha mente estão claras. Tomámos a decisão correcta", frisou.

O Iraque, segundo Aznar, vive uma situação "muito boa", porque "as pessoas podem participar mas eleições e falar livremente".

"Há liberdade no país" e existe "a possibilidade de tornar o Iraque numa democracia", considera.

O ex-chefe do governo espanhol justificou ainda o seu apoio à intervenção anglo-norte-americana no Iraque com a necessidade de a Espanha manter "uma aliança muito estreita e sólida com amigos poderosos".

No princípio da madrugada de hoje, fez cinco anos o arranque da ofensiva militar no Iraque, que derrubou a ditadura de Saddam Hussein, levou à sua captura e à sua execução por enforcamento, por decisão de um tribunal iraquiano, mas desencadeou uma espiral de violência no país que fez 20 mortos por dia, em média, desde o seu início, em Março de 2003.

No último domingo, 16 de Março, fez também cinco anos que, durante uma tarde de 2003, os olhos do mundo estiveram centrados na Base das Lajes, Açores, onde o Presidente norte-americano e os então primeiros-ministros britânico, espanhol e português protagonizaram a "Cimeira da Guerra" no Iraque.

No meio do Atlântico, George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar, recebidos pelo primeiro-ministro português de então, Durão Barroso, reuniram-se, na tarde de 16 de Março de 2003, naquela que também ficou conhecida como a Cimeira das Lajes, que culminou, 4 dias depois, na madrugada de 20 do mesmo mês, com o início da intervenção militar no Iraque.

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