O ciclista italiano Paolo Savoldelli, da Discovery Channel, consumou hoje o seu segundo triunfo na Volta à Itália, num "Giro" marcado pela surpreendente ascensão do venezuelano José Rujano (Selle Itália), terceiro classificado.

Se o triunfo do experiente Savoldelli é natural - venceu a prova em 2002 e foi segundo em 1999 -, o desempenho do jovem trepador Rujano (um quase desconhecido à partida a 7 de Maio em Reggio de Cababria) é encarado como excepcional.

Com apenas 23 anos, Rujano tornou-se o primeiro ciclista sul-americano a atingir o pódio, a 45 segundos do líder, muito à custa das suas aptidões de trepador, que lhe valeram o prémio de "rei da montanha", habitualmente destinado a competidores mais experientes.

"Foi uma prova para recordar. Era um desconhecido e agora estou no primeiro plano do ciclismo internacional. Tenho estado nas nuvens e agora desci à terra para celebrar estes êxitos (terceiro na geral, vencedor do prémio da montanha e vitória numa etapa). Melhor é impossível", disse o venezuelano no final da prova.

Entre Savoldelli e Rujano classificou-se o veterano (33 anos) italiano da Lampre Gilberto Simoni, um dos ciclistas com melhor palmarés no "Giro", com triunfos em 2001 e 2003, segundo lugar este ano e terceiro em 1999, 2000 e 2004.

Líder da Discovery Channel face à ausência do norte-americano Lance Armstrong, Paolo Savoldelli teve o mérito de segurar a camisola rosa nas últimas oito etapas.

Neste período, destaque para as dificuldades sentidas sábado, quando partiu para a etapa de montanha com mais de dois minutos de vantagem para Simoni e segurou o comando por apenas 28 segundos, tendo mesmo perdido a liderança virtual durante a corrida.

Nascido em 1973 em Clusone, na Lombardia, Paolo Savoldelli é conhecido acima de tudo pela forma vertiginosa como habitualmente desce as montanhas, facto que lhe vale a alcunha de "falcão". "Não sou um campeão. Um campeão é um corredor que anuncia os seus objectivos e depois faz a diferença. Eu penso muito e essa é a minha força. Conheço os meus limites", diz Savoldelli.

A 20ª e última etapa, disputada entre Albese Cassano e Milão, na distância de 119 quilómetros, foi de consagração dos vencedores dos vários troféus, como o revela o facto de ter havido escassas tentativas de fuga.

A tirada começou com 153 ciclistas que, face ao intenso calor que se fez sentir, rolaram de forma lenta durante boa parte do percurso, só animando na parte final, quando os "sprinters" se colocaram na cabeça do pelotão para a chegada.

Com o grupo compacto, Alessandro Petacchi (Fassa Bartolo) impôs-se com alguma facilidade no "sprint" final aos alemães Erik Zabel e Robert Forster, alcançando assim o quarto triunfo no "Giro" 2005.

A volta à Itália registou um total de 44 abandonos, num pelotão que começou com 197 ciclistas.