Só os moradores vão poder estacionar em Madrid

A ideia ainda é apenas um esboço, mas pretende diminuir os níveis de poluição no centro da cidade através da redução do espaço de estacionamento e o número de veículos em circulação.

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REUTERS/PAUL HANNA

A Câmara Municipal de Madrid apresentou esta quarta-feira o primeiro esboço do Plano de Qualidade do Ar e Mudança Climática, composto por 30 medidas que têm como objectivo reduzir o número de carros e a poluição na cidade. Três das medidas que estão a gerar polémica são a criação de zonas de estacionamento prioritárias para os residentes na cidade, a redução das vias dedicadas ao transporte privado e a redução da velocidade de circulação na estrada M-30 de 90 para 70 km/h.

O plano, a ser aprovado no início de 2017 e que entraria em vigor em Janeiro de 2018, vem no seguimento de um alerta que a União Europeia fez a Madrid por esta “superar sistematicamente os limites de poluição permitidos e pôr em risco a saúde dos cidadãos”, explicou Inés Sabanés, vereadora do Ambiente da Câmara de Madrid, ao jornal El País. José Manuel Calvo, delegado da Área de Desenvolvimento Urbano Sustentável, disse à mesma publicação que, para reduzir as emissões provenientes do tráfego rodoviário se deu na quarta-feira “um passo fundamental” com a apresentação do plano. “O veículo privado a motor é um dos meios de transporte menos utilizados, já que apenas 25% (das pessoas) o utilizam para se deslocarem, mas ocupa 60% do espaço público”, alegou, referindo-se aos espaços de estacionamento.

Por isso, a ideia é converter o centro de Madrid numa área prioritária para a circulação e o estacionamento dos veículos dos moradores. O perímetro dessa área seria delimitado pelas ruas Alberto Aguilera, Carranza, Sagasta e Génova, o Paseo de Recoletos, o Paseo del Prado, as Rondas de Atocha, Valencia e Toledo, a Gran Via de São Francisco, a rua de Bailén e o cruzamento das ruas San Vicente e Princesa. Nalguns bairros desta zona só se poderia circular a uma velocidade máxima de 30 km/h. As pessoas que moram fora deste perímetro teriam de deixar os seus veículos em estacionamentos públicos e depois usar outros transportes, como bicicletas, autocarros ou comboios, para circularem dentro de Madrid. A medida viria afectar as grandes artérias da capital, como a Castellana, Serrano, Velásquez, Príncipe de Vergana, Bravo Murillo, Santa Engracia, entre outras.

Em Lisboa também já se aposta nos parques dissuasores, os quais vão contar com um incremento, segundo anunciou a Câmara Municipal de Lisboa, para incentivar a uma maior adesão aos transportes públicos.

A Câmara de Madrid acredita que, com estas medidas, o tráfego poderia “redistribuir-se” por outras vias paralelas e estradas menos utilizadas da capital. A Gran Via de Madrid, a principal artéria que liga a cidade de este a oeste, e onde passam diariamente cerca de 50 mil carros, também não está excluída do plano já que no próximo ano a Câmara quer “estudar” a sua inclusão na área do tráfego limitado.

A ideia suscitou críticas do Partido Popular (PP) que considera que o plano virá gerar um “colapso” do tráfego. “A restrição massiva no interior da M-30 vai provocar um colapso e um problema para todos os madrilenos que necessitam de se deslocar”, acusou Borja Carabante, vereador do PP, ao ABC.es. O vereador Sergio Brabezo, do partido Ciudadanos, disse à mesma publicação que o Plano de Qualidade do Ar é “oportunista”, “pouco ambicioso” e “tardio".

Por outro lado, Miguel Capó Martí, professor da Universidade Complutense de Madrid e autor do livro Principios de Bioética Global, garantiu ao ABC.es que, apesar das críticas da oposição, algumas das medidas estruturantes propostas pela Câmara são positivas. “A uma menor velocidade, e com a marcha adequada, consome-se menos e, por conseguinte, polui-se menos”. 

Texto editado por Ana Fernandes

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