Sem geringonça

Em apenas meia hora, o líder do PSOE, Pedro Sanchez, despachou uma conversa com o presidente em funções do Governo de Espanha, Mariano Rajoy, negando-lhe o apoio na votação de quarta-feira para assumir a liderança do executivo saído das legislativas de 26 de Junho, ida às urnas que se realizou por o resultado das eleições de 20 de Dezembro de 2015 não ter permitido a formação de uma maioria.

Em ambas as consultas, o Partido Popular (PP) de Rajoy venceu, reforçando mesmo a sua posição de força mais votada no último escrutínio. No princípio do ano, o PP funcionou como força de bloqueio e os socialistas não tiveram engenho nem arte para reunir à sua volta o descontentamento da esquerda. Agora, em pleno Verão, o PSOE nem põe condições mas nega apoio à direita. Ou seja, bloqueia qualquer solução.

No tabuleiro político, com Rajoy com mais votos em Junho dos que teve em Dezembro e com um acordo com Cidadãos, o centro-direita tomou uma iniciativa que, dada a pluralidade da representação parlamentar, não vai conseguir os 176 votos numa câmara de 350 deputados. Na sexta-feira, bastam ao PP e Cidadãos 11 abstenções para acabar com o impasse, ou continuar à procura de apoios até 31 de Outubro.

À esquerda nada se moverá. O PSOE evitou ser ultrapassado pelo Podemos nas eleições de Junho e, por isso, perdeu margem de manobra para outras operações. Porque não tem interlocutores na esquerda que possibilitem outros cálculos: o referendo à independência da Catalunha e a natureza do Podemos inviabiliza-os. Assim, ou o PSOE sofre deserções na segunda volta ou há eleições em vésperas de Natal. Com uma certeza. Sem geringonça.

 

 

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