Morte por esmagamento desencadeia protestos em Marrocos

As maiores manifestações em Marrocos desde 2011 seguem-se à morte de um vendedor de peixe que viu a sua mercadoria ser apreendida pela polícia.

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Os protestos em Marraquexe numa imagem cedida ao PÚBLICO pela jornalista Aida Alami. Aida Alami

Milhares de marroquinos saíram este domingo à rua em várias cidades do país, em protesto pela morte de um vendedor de peixe na cidade de Al-Hoceima (Norte). Mouhcine Fikri, de 31 anos, encontrava-se dentro de um contentor do lixo a tentar recuperar pescado apreendido pela polícia quando terá sido vítima de esmagamento.

O incidente, ocorrido na sexta-feira, gerou grande comoção nas redes sociais, com os marroquinos a acusarem as autoridades de abuso e de injustiça. Activistas locais acusam a polícia de ter ordenado aos funcionários dos serviços de limpeza que esmagassem o comerciante, mas as autoridades desmentem esta versão.

Os protestos deste domingo foram convocados pelo movimento 20 de Fevereiro, o mesmo que organizou uma série de manifestações em 2011, durante o deflagrar da chamada Primavera Árabe. De resto, e de acordo com relatos partilhados nas redes sociais, foram ouvidas este domingo em Marrocos referências a Mohamed Bouazizi, um vendedor de rua tunisino cujo suicídio por imolação esteve na origem na vaga de protestos que varreu naquele ano o Norte de África e o Médio Oriente.

Este tipo de protestos são relativamente invulgares em Marrocos, onde o rei Mohammed VI mantém um poder raras vezes contestado. As manifestações de 2011 tiveram como resposta a implementação de reformas políticas e um reforço de segurança, e Marrocos evitou uma queda de regime como as registadas na Tunísia e no Egipto.

Ausente do país este fim-de-semana numa visita a várias nações africanas, o chefe de Estado ordenou ao ministro marroquino do Interior que visitasse a família de Fikri e que apresentasse condolências em nome do rei. De acordo com o New York Times, foi também ordenada uma investigação "cuidadosa e rigorosa" ao incidente.  

As manifestações deste domingo, descritas por fontes locais citadas pela Reuters como as maiores dos últimos cinco anos, tiveram especial expressão em Al-Hoceima e na região do Rife, mas também na capital Rabat, em Marraquexe e em Casablanca, a maior cidade do país. 

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