Em fuga da cidade, islamistas queimaram manuscritos em Tombuctu

Tropas francesas e do Mali entraram na mítica cidade, em poder dos islamistas desde Março. Rebeldes evitam confrontar avanço do Exército

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As forças francesas e malianas não encontraram resistência no seu avanço para a cidade Eric Gaillard /Reuters

Militares franceses e malianos assumiram nesta segunda-feira o controlo de Tombuctu, cidade património da humanidade. Tal como em Gao, os dois Exércitos não encontraram resistência, mas há informações de que os islamistas incendiaram um edifício onde estavam guardados milhares de preciosos manuscritos.

Em entrevista à televisão France 2, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, mostrou-se optimista sobre o avanço dos militares, garantindo que a “libertação de Tombuctu” acontecerá “muito em breve”. O porta-voz do Exército francês, Thierry Burkhard, confirmou à BBC que as colunas vindas de Sul controlam já o aeroporto, situado alguns quilómetros a sul da cidade, e as vias que permitem a entrada na mítica cidade.  

À semelhança de Gao, maior cidade do Norte do Mali, o avanço das tropas foi precedido por “ataques aéreos substanciais” contra posições dos islamistas que, perante a iminência da chegada das tropas, abandonaram as suas posições. “As forças terroristas recusaram qualquer contacto connosco. Pensamos que ou entraram em Tombuctu para se misturar com a população local ou fugiram da cidade para Norte”, explicou Burkhard.

A tomada de Tombuctu, onde os europeus chegaram apenas no século XIX, aconteceu já tarde para parte do espólio que a cidade alberga. O presidente da câmara local, refugiado na capital desde que os rebeldes tomaram a cidade, em Março do ano passado, disse à AFP que, antes de abandonarem a cidade, grupos islamistas “queimaram manuscritos de grande valor que estavam no centro Ahmed Baba”.

O espólio do Instituto de Altos Estudos e Investigação Islâmica contava entre 60 a cem mil manuscritos, alguns da era pré-islâmica, avança à AFP. Segundo a BBC, existirão mais de 700 mil manuscritos nas bibliotecas públicas e nas colecções privadas da cidade, que foi o mais importante centro islâmico em África entre os séculos XII e XVII, beneficiando das rotas comerciais que então atravessavam a região transportando sal e ouro.
 

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