Exército russo entra na capital da Ossétia numa altura em que os combates se intensificam

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Esta foi a primeira grande crise a deparar-se ao Presidente russo, Dmitri Medvedev, desde que em Maio sucedeu no cargo a Putin Irakli Gedenedze/Reuters

Unidades da 76ª divisão aerotransportada russa entraram hoje em Tskhinvali, capital da república separatista da Ossétia do Sul, anunciou hoje o ministério russo da Defesa, citado pelas agências de imprensa russas. Os combates já fizeram mais de 1600 mortos em Tskhinvali. Noutra frente, em Gori, há relato da morte de vários civis em consequência de um bombardeamento por parte da aviação russa.

São as hostilidades mais violentas desde que a Ossétia do Sul se proclamou unilateralmente independente, em Novembro de 1991.

As Forças russas começaram ontem a bombardear o Exército da Geórgia para tentar retomar a administração do território da Ossétia do Sul. A Geórgia pediu ajuda aos Estados Unidos para trazer de volta do Iraque os 1000 soldados que lá tem, para combater a investida russa.

Muitas casas de Tskhinvali estavam ontem em chamas e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, acusava a Geórgia de escorraçar as pessoas das suas casas, numa "limpeza étnica", que fazia com que o número de deslocados disparasse.

Ao cair da noite, o Presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, proclamou que conseguira o controlo quase total da Ossétia do Sul, à custa da morte de 30 georgianos, na sua maior parte militares. Mas os ossetas desmentiram ter perdido o controlo da capital regional.

Veículos blindados russos entraram na madrugada de sexta-feira nos subúrbios setentrionais de Tskhinvali, para fazer com que as unidades militares georgianas se retirassem do terreno que tinham invadido, apesar dos esforços diplomáticos que vinham a ser feitos por Moscovo, Washington e outras capitais para que a situação se resolvesse sem mais derramamento de sangue.

O Presidente da Geórgia afirmou que o seu país e a Rússia se encontravam em guerra, apesar da enorme desproporção de forças. Os EUA e a União Europeia vão enviar medianeiros, para tentar um cessar-fogo.

E analistas políticos citados pela Reuters entenderam que isto é uma tentativa desesperada de Mikhail Saakashvili, Presidente da Geórgia, para recuperar o controlo de uma das regiões separatistas apadrinhadas por Moscovo.

Estará a apostar em que poderia contar com o apoio ocidental para fazer frente ao Kremlin.

Mas pode não ser assim. "Se inicia uma guerra, vai perder o apoio de muitos amigos no Ocidente", comentou James Nixey, analista do Royal Institute of International Affairs, de Londres. A Federação Russa disse que iria continuar os esforços para evitar mais derramamento de sangue e para conseguir que a situação voltasse a um curso pacífico.

Esta foi a primeira grande crise a deparar-se ao Presidente russo, Dmitri Medvedev, desde que em Maio sucedeu no cargo a Putin - que é ainda visto como o detentor do poder real na Rússia.

Os dois candidatos à Casa Branca assumiam posturas muito diferentes quanto à questão: John McCain condenava a "invasão da Geórgia" pela Rússia, enquanto Barack Obama se mostrava mais próximo da Administração Bush, ao pedir contenção a ambas as partes, depois de a maior parte das notícias dizerem que Saakashvili teria sido o principal responsável pela mais recente escalada.

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